Onze pessoas já doaram órgãos na cidade neste ano

Matheus Augusto

Além do amarelo, o mês também abriga outra cor: o verde. O “Setembro Verde” traz consigo campanhas de conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. Em alusão à data, o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) irá promover ações para informar e esclarecer as dúvidas das pessoas em relação ao procedimento. Segundo os dados do hospital, neste ano, há o registro de 11 pessoas que doaram órgãos. Apenas nos últimos 40 dias foram seis procedimentos dessa natureza, o mesmo número registrado durante todo o ano passado.

Programação

A primeira ação do “Setembro Verde” está programada para o dia 17, às 15h, no auditório do CSSJD, quando será promovida uma roda de conversa com cinco profissionais da área, inclusive representantes estaduais. O tema será: "A vida é feita de conversas".

Já o segundo evento acontece no dia 27, às 8h, no estacionamento do CSSJD. A data marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Na oportunidade, a ação social vai oferecer, a quem estiver no local, orientações sobre a doação de órgãos, bem como a aferição de pressão arterial.

A intenção da superintendente geral do hospital, Elis Regina Guimarães, é de, no próximo ano, promover uma ação de conscientização em uma das praças centrais da cidade, para alcançar uma parcela ainda maior de pessoas.

Internamente, o complexo irá realizar, entre os dias 19 e 26, um treinamento institucional para conscientizar o quadro de funcionários sobre a importância da doação de órgãos e do acolhimento do paciente e seus familiares.

— (...) muitas vezes você faz uma ação pontual e nem nossos 1.400 colaboradores e 300 médicos sabem da importância disso. Então, nós vamos fazer também todo um trabalho intra-hospitalar para que isso seja um valor institucional também — ressaltou Elis.

A superintendente destacou ainda a importância do atendimento e acolhimento ao paciente e à família como parte crucial na decisão de doar ou não órgãos.

— Uma das coisas que a equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) realmente trabalha muito com o hospital é a diferença de como o acolhimento do paciente e das famílias, desde o momento que entrou no hospital até o da morte, que antecede a doação de órgãos, é fundamental — afirmou.

Melhorias

A superintendente afirmou também que, quando assumiu a gestão do complexo, encontrou o setor de doação de órgãos pequeno em comparação ao que o hospital poderia oferecer.

— (...) quando nós começamos tínhamos um Cihdott, que é o órgão que fica dentro do hospital fazendo a captação dos órgãos, muito tímido. Percebemos como temos um potencial neste hospital. São mais de 760 mil atendimentos no ano e poderíamos contribuir com a sociedade. Então a gente entende que realmente é um ato de amor do São João de estar, junto com o nosso crescimento, levando também uma possibilidade de vida a outras pessoas — disse.

Logística

A coordenadora da Cihdott, Ana Paula Coimbra Israel, explicou que todo o processo é complexo. Segundo ela, entre o diagnóstico de morte encefálica do paciente até a efetivação do transplante, há um prazo entre 36h e 48h, a fim de evitar que o órgão perca sua viabilidade.

A coordenadora também explicou que, para não haver conflito de interesses, o Complexo de Saúde São João de Deus não faz a captação dos órgãos. A responsabilidade do hospital, especificamente do Cihdott é, constatada a morte, identificar possíveis doadores e conversar com a família para saber se há ou não a intenção de doação. Caso seja autorizada, é feita uma série de exames para determinar quais órgãos estão aptos e, posteriormente, acionado o MG Transplantes. Caso não haja equipes disponíveis, os órgãos podem ser destinados para pacientes de outros estados.

Ana Paula Coimbra Israel esclareceu ainda que, durante o processo de retirada dos órgãos, o paciente é anestesiado e recebe todos os cuidados necessários, dúvida comum entre os familiares. Ela também classificou o ato de doar como um gesto de empatia e ainda citou que, numa era de imediatismo, é difícil convencer as pessoas participarem desse processo, que é demorado.

— Então, nesse momento é que a gente vai correr contra o tempo, porque a família ali, angustiada e triste com a morte do seu familiar, precisaria aguardar por mais horas do que seria o habitual para fazer o enterro ou dar o segmento habitual àquele familiar — explica.

Para a coordenadora do Cihdott, a campanha serve também como forma de valorizar o ato de quem escolhe ser doador.

— Este ano, a ação vem com um grande super-herói de capa. Para mim, e acho que para todos, a imagem que a gente tem desse paciente que doa é de um grande super-herói, que vai salvar a vida de muita gente. Então, ele pode ajudar oito, nove, dez

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