O lado bom

Editorial

O lado bom 

De tudo tira-se proveito nesta vida. Isso é fato. De toda situação vivida pelo ser humano, ele consegue tirar algo de bom, mesmo a mais dramática possível. Em março do ano passado, a humanidade foi arrebatada pela pandemia da covid-19. A situação “pesou” um pouco mais para o brasileiro, por ter que enfrentar, além de uma pandemia, gestores que não tinham políticas públicas para dar o suporte necessário à população. A coisa foi meio a um “cada um por si e Deus por todos”. Um ano e dois meses, mais de 422 mil mortes e 15 milhões de casos confirmados depois, é possível, sim, dizer que o brasileiro tirou algo de bom de tudo isso – mesmo com o caos instalado no país. 

Apesar daqueles que não se importam e que vivem em uma total irresponsabilidade, desde o início da pandemia muita gente se uniu para fazer o bem. Seja para doar alimentos, cestas básicas, roupas, para fazer currículos para aqueles que precisam, campanhas de doação de roupas e por aí vai. E, se de tudo tira-se algo de bom, como dizem por aí, este, sem sombra de dúvidas, foi o lado positivo da pandemia: humanos mostrando o que de melhor nós podemos oferecer. 

Se de um lado faltaram políticas públicas, leitos, assistencialismo, de outro não faltou amor. Literalmente, as campanhas feitas Brasil afora sustentaram famílias, ajudaram outras, e nos mantiveram firmes, na certeza de que nem tudo está perdido e que não podemos generalizar o comportamento da humanidade. Afinal, na mesma proporção da irresponsabilidade, há aqueles que se doam, seja na organização e participação de campanhas, com uma oração, com uma ligação, e por aí vai. 

Sim! Por mais caótico, por mais desafiador e desesperador que seja o momento, é possível afirmar que ainda existem bons seres humanos. Daqueles que enchem o peito de orgulho e que nos mostram que nem tudo está perdido. Nem tudo é apenas dor e desespero. Ainda existe o amor em meio ao caos e a este túnel que parece ser sem saída. 

Talvez, esta seja a “fórmula” para que consigamos sair disso tudo: o amor. O amor próprio, e o amor ao próximo. Sem tentar romantizar uma situação que requer planejamento público e ações efetivas, talvez esta seja a grande lição disso tudo: o amor. Se no início disso tudo diziam que sairíamos mais fortes, talvez seja por isso, por essas pessoas que decidiram ajudar, mesmo diante do caos. E levar o pouco para a mesa de quem não tem nada se torna muito e, sem sombra de dúvidas, se torna gratificante. 

Essas ações nunca foram tão importantes quanto agora, afinal, é com elas que milhares de brasileiros contam para ter o básico em casa. Apesar de termos um “lado bom” disso tudo, ainda é preciso cobrar ações públicas, que consigam melhorar a situação. Pois, o povo brasileiro é bom, sim, mas ele precisa de políticas públicas que lhe garanta o direito de sobreviver ao caos. O lado bom existe, sim, mas ele não deve se sobrepor às obrigações dos nossos representantes. E, até que as tão esperadas políticas públicas cheguem, vamos aplaudir aqueles que tornam a jornada e o sofrimento do próximo mais leves, afinal, é disso que o mundo precisa.

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