Oito anos, dois governos e nenhuma solução

 

Anna Lúcia Silva

Oito anos, dois governos e nenhuma vontade política suficiente para mobilizar e fazer acontecer projetos, ainda no papel, sobre a revitalização da lagoa do Sidil em Divinópolis.

Em 2011, o cenário na lagoa não era muito diferente do que se vê hoje no local. Na ocasião, aguapés formavam um imenso tapete indicando a poluição da água. Esse tapete ainda se encontra na lagoa, no entanto, com o passar dos anos, a região também se tornou destino para lixo e entulho. Nesta terça-feira, 23, por exemplo, moradores do condomínio Residencial do Lago flagraram um homem descartando lixo às margens da lagoa, incluindo um tambor de metal e uma cadeira de madeira. A cena chocou os moradores do condomínio, que tem o nome em homenagem a um lago que, desde que ali estão instalados, nunca existiu.

O flagrante acendeu, mais uma vez, a discussão sobre os projetos parados há anos que tratam da limpeza e revitalização da lagoa. A síndica do condomínio, Gisele Cristina Reis, afirma que o aspecto degradado do local viabiliza a prática criminosa contra o meio ambiente, de descarte irregular de lixo em área de preservação.

— Essa foi só mais uma ação que é rotineira na região quanto ao descarte de lixo. Nós, como moradores do Residencial do Lago, estamos chocados com o descaso dos políticos, que se arrasta por anos com essa lagoa. O Residencial só recebeu este nome porque, na ocasião de sua construção, havia um projeto de revitalização que prometia transformar a lagoa do Sidil em uma área verde e, inclusive, com lazer. Estamos há quatro anos no local e o que se vê é o perigo constante quanto à saúde pública, ameaçada pela presença das capivaras, mato alto, poluição da água e o descarte recorrente de entulhos — disse.

Revitalização

A revitalização da lagoa é algo discutido e acompanhado pelo Agora desde 2011, quando, na ocasião, o problema era só os aguapés. Nessa ocasião, a Secretaria de Meio Ambiente havia solicitado junto à Superintendência Regional de Meio Ambiente a autorização para a limpeza do local, o que nunca ocorreu. Na mesma época, o então secretário de Meio Ambiente, Pedro Coelho, afirmou à imprensa que havia um projeto para transformar a lagoa do Sidil em um parque e que o Município estava em negociação com os nove proprietários da região.

O impasse com os donos da área não foi superado até o presente momento, já que, por nota emitida nesta terça, a Prefeitura informou que ainda busca diálogo com os proprietários para uma solução dos problemas no local.

Posicionamento Prefeitura

A Prefeitura se posicionou informando ainda que, mesmo sendo uma área particular, o Município realizou, no ano passado, um mutirão de limpeza visando o combate à dengue. Dez agentes da vigilância epidemiológica participaram da ação no intuito de reduzir possíveis focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor da febre amarela, da dengue, da chikungunya e do zika vírus, além de recolher o material inservível que pode servir de criadouro.

Durante o mutirão, foram recolhidas garrafas, vasilhas, pneus, móveis, eletrodomésticos, entre outros. Um caminhão de material foi retirado da lagoa, totalizando seis toneladas.

A Secretaria do Meio Ambiente tem um setor de fiscalização de posturas e precisa da colaboração dos moradores para denunciar o descarte de lixo no local. Moradores podem denunciar pelo protocolo na rua Pernambuco, 60, Setor de Protocolo; ou no Centro Administrativo na avenida Paraná, 2.777, Belvedere, e fazer a denúncia.

Também é possível fazer a reclamação através da internet, no site www.divinopolis.mg.gov.br. Na lateral direita do site é necessário acessar o link “Cidadão”, depois “Denúncia ambiental, obras, posturas” e seguir os passos.

Por fim, a Prefeitura pontuou que a área é de preservação permanente e precisa de autorização dos órgãos ambientais para qualquer ação. A Administração repudia o descarte de lixo e entulhos no espaço.

 

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