O último a sair apaga a luz

 

Se o Brasil está em uma situação ruim, Divinópolis está pior. A cada dia, a sensação é que, uma hora ou outra, a “porta” da cidade vai ser trancada e Divinópolis vai virar aquelas cidades de filme de faroeste, com os novelos de feno “passeando” pelas ruas desertas. Com os braços cruzados, o povo assiste a cidades vizinhas como Bom Despacho, Itaúna e Nova Serrana receberem investimento, e Divinópolis se afundar em meio a escândalos na política. Sem um rumo certo, a cidade está a “Deus dará”.

A cada dia um novo serviço público encerra as suas atividades, uma loja ou uma indústria fecha as suas portas e, assim, os divinopolitanos veem a cidade perder a sua coroa de Princesa do Oeste.

Divinópolis nem de longe parece aquela cidade que já foi a quinta melhor para se viver em Minas Gerais. O prefeito Galileu Machado (MDB) insiste em administrar de acordo com a velha política. Mesmo com uma Prefeitura quebrada, mantém promessas eleitorais pagas em forma de cargos comissionados. Cada vez mais, fica clara a participação de boa parte dos vereadores em nomeações no Executivo.

Desde o início de seu mandato, Galileu já teve de trocar três secretários municipais, mas parece que a troca não surtiu tanto efeito. Divinópolis continua afundando.

O Agora já listou alguns dos serviços públicos que a população perdeu e a maioria deles fazia parte do pacote de economia anunciado pelo Poder Executivo em abril do ano passado. Corte daqui, corte dali, e nada de a cidade voltar a crescer. Com uma Prefeitura cheia de desculpas prontas, Divinópolis está parada no tempo. Sem representatividade política de fato, o Município se despede aos poucos do desenvolvimento.

Os vereadores só metem os pés pelas mãos e, na maioria das vezes, “jogam para a galera”. Fazem um discurso bonito daqui, outro dali, gravam um vídeo revoltado acolá, enquanto a cidade afunda. A cada ano, a cada administração, a sensação é de que a cidade piora.

Os empresários fazem o impossível para se manterem “vivos” em Divinópolis. O comércio se reinventa, assim como os desempregados, que fazem de tudo para ter uma renda mensal. Se a coisa está feia para o Brasil, para Divinópolis está pior. Afinal, a Prefeitura pagou uma dívida de R$ 60 milhões da gestão passada, tem mais de R$ 60 milhões para receber do Governo do Estado e nada mais justo — segundo raciocínio do Governo Municipal —do que a cidade parar e ver municípios menores crescerem.

O que fazer diante tanta inércia? O que fazer quando a única saída é sentar e esperar, mesmo quando ainda não se sabe o que esperar? A Cidade do Divino padece à espera de algo, que parece estar longe de chegar. A cada empresa que se vai, a cada loja que se fecha, a cada serviço público que a Prefeitura deixa de oferecer, a cada projeto de lei suspeito aprovado na Câmara, a sensação que dá é de que o último que sair apagará as luzes e jogará a chave embaixo da porta. Divinópolis é a cidade do futuro, do futuro que não se sabe se um dia vai chegar.

 

OLHO

A cada empresa que se vai, a cada loja que se fecha, a cada serviço público que a Prefeitura deixa de oferecer, a cada projeto de lei suspeito aprovado na Câmara, a sensação que dá é de que o último que sair apagará as luzes e jogará a chave embaixo da porta

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