O que acontece com o sangue após a doação?

Da Redação 

Antes de chegar a quem precisa, o sangue doado passa por vários processos e procedimentos, gerando o máximo de aplicações para beneficiar ainda mais pessoas. As informações são da Agência Minas.

Logo após o término da doação, a bolsa de sangue total (que contém todos os componentes sanguíneos) coletada em uma doação de sangue pode dar origem a hemocomponentes e hemoderivados. Quem explica melhor o que acontece é o farmacêutico habilitado em análises clínicas, Alessandro Ferreira, que trabalha na Fundação Hemominas há 12 anos e é o responsável pela equipe de fracionamento do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH).

– Todo sangue doado precisa passar por uma série de etapas, até que esteja separado nos produtos que chamamos de hemocomponentes. Existem muitos processos que são aplicados na bolsa de sangue até que obtenhamos o produto final – relata.

Hemocomponentes são os produtos gerados em serviços de hemoterapia, por meio de técnicas de centrifugação que permitem o fracionamento da bolsa de sangue total em concentrado de hemácias, concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado. Estes hemocomponentes são utilizados para transfusão sanguínea, sendo que cada bolsa proveniente de uma doação pode beneficiar várias pessoas.  Os hemoderivados são produzidos em escala industrial, via processamento do plasma, que é submetido a um tipo de fracionamento que permite extrair proteínas específicas como, por exemplo, os fatores da coagulação sanguínea e albumina.

Gota a gota

Quando a bolsa é coletada e todos os hemocomponentes separados, o sangue é rotulado de forma a permitir sua rastreabilidade (possibilidade de identificar a origem do sangue doado, em caso de reações adversas no receptor). O sigilo do doador é sempre preservado, conforme determina a legislação brasileira. São realizados exames para tipificação do sangue e identificação de doenças transmissíveis. Somente após a liberação dos testes laboratoriais, os hemocomponentes, devidamente estocados, são distribuídos aos hospitais e clínicas conveniados.

Simultaneamente à realização dos testes laboratoriais, o sangue passa pela principal etapa: a centrifugação. Ela consiste em inserir o sangue num equipamento que vai girar cerca de 2.200 a 3.500 rotações por minuto, dependendo do tipo de bolsa e outros fatores. Durante o processo de rotação, ocorre o que é chamado de estratificação do sangue, ou seja, ele será separado em camadas que, por sua vez, serão novamente separadas em outro equipamento (os componentes obtidos pela centrifugação), em bolsas diferentes, e obtêm-se os hemocomponentes.

Aí, os hemocomponentes são armazenados. Antes de serem liberados para transfusão, os resultados de exames são checados (para quem não se lembra, os exames são feitos com o sangue dos tubinhos coletado na hora da doação). Com os exames conferidos e os hemocomponentes aptos a serem transfundidos, é feita a rotulagem das bolsas e sua disponibilização para estocagem e envio aos hospitais.

Para serem estocados e conservados, os hemocomponentes possuem situações diferentes e específicas, como relata o responsável pela equipe de fracionamento do Hemocentro de Belo Horizonte (HBH), Alessandro Ferreira.

– Cada produto tem uma condição específica para o armazenamento, principalmente no que diz respeito à temperatura – observa.

A plaqueta, por exemplo, além de ficar em um local com temperatura controlada, também exige um equipamento especial – os agitadores de plaquetas - que fazem movimentos constantes. Fora desse equipamento, quando se precisa transportá-la, ela pode ser conservada por até 24 horas - nunca pode passar disso.  Já as hemácias e o plasma são estocados em freezers ou refrigeradores que mantenham a temperatura controlada.

 

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