O que a verdadeira história nos conta

 Adriana Ferreira 

 

 De 1939 a 1945 tivemos a Segunda Grande Guerra Mundial. O resultado foi devastador: mais de 50 milhões de mortos e mais de 30 milhões de feridos e a divisão do mundo e de países entre capitalistas e socialistas, liderados por Estados Unidos e Ex-União Soviética, respectivamente.  A ideia de um confronto nuclear entre essas duas nações trouxe-nos o que chamamos de Guerra Fria, um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência que durou até 1991 com o fim a ex-União Soviética.

Um dos países divididos foi a Alemanha que, com a guerra, contabilizava uma perda de mais de 10 milhões de cidadãos, entre soldados civis. O país se dividiu em República Federal da Alemanha, que ficou conhecida como Alemanha Ocidental (capitalista) e República Democrática da Alemanha,  que ficou conhecida como Alemanha Oriental (comunista). A cidade de Berlim foi dividida, sendo que a Berlim Ocidental se tornou uma ilha capitalista dentro da Berlim Oriental devido ao cerco com arame farpado e posteriormente com o Muro de Berlim, também conhecido como Muro da Vergonha, construído pelos dirigentes comunistas em 1961 para impedir a fuga da Berlim Oriental para a Berlim Ocidental.

No período em que a Alemanha esteve dividida – 1945/1990 – milhões de alemães orientais foram da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. Os planos de fuga eram ousados e arriscados, valia até escapar pelos esgotos. Pesquisei e não encontrei nenhum registro de algum alemão ocidental (capitalista) que tenha fugido para a Alemanha Oriental (comunista).

Em 1989 houve a queda do Muro e em 1990 a Alemanha Ocidental viu acontecer o que sempre acreditava: a reunificação da Alemanha. Hodiernamente é a maior economia da Europa e uma das maiores do mundo.

 Entretanto, a modernização e integração da economia da antiga Alemanha Oriental continua sendo processo a longo prazo, programado para durar até o ano de 2019, com transferências do que outrora era a Alemanha Ocidental (capitalista) para a Alemanha Oriental, em valores aproximados de US$ 80 bilhões anuais.

Da mesma forma que dividiram a Alemanha, os Estados Unidos e a ex-União Soviética também dividiram a Coreia, passando a Coreia do Sul a ser capitalista e a Coreia do Norte, socialista. As Coreias vivem em estado de alerta permanente, que em várias ocasiões esteve prestes a se transformar em um novo conflito armado.

Atualmente, a Coreia do Norte é um país socialista dos mais fechados e repressivos do mundo. O governo controla a mídia, restringe o acesso a internet e a celulares (que fazem apenas chamadas locais), escolhe até o corte de cabelo dos cidadãos, todos são obrigados a cultuar a imagem dos líderes do governo e cidadãos comuns não frequentam os mesmos lugares que a elite socialista. Com uma economia desastrosa, tem uma renda per capita de US$ 1.800.

Enquanto isso, a Coreia do Sul que passou por regimes militares ditatoriais por 20 anos e, hodiernamente, novamente uma república democrática, é um país em rápido desenvolvimento, com uma renda per capita é de US$ 28.225. A renda per capita do morador de Seul, capital da Coreia do Sul, é de US$ 16.500 e a do morador de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, é de US$ 600.

Vemos hoje ocorrer com a Venezuela o mesmo que ocorreu na Alemanha e está ocorrendo na Coreia. Não houve a divisão geográfica do país, está havendo pior: estão fazendo as pessoas se olharem como inimigas e derramarem o próprio sangue para que seja implantada uma ditadura, condenando o povo à fome, à miséria, à ausência de liberdade.

Diante disso, qual lição devemos aprender?  O que realmente devemos querer para o Brasil?

Adriana Ferreira é advogada

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