O parque

Amnysinho Rachid

Como gosto de parque de diversões! Até hoje, quando passo e vejo que estão montando, já paro e pergunto quando será a estreia.

      Aqui na terrinha, durante muitos anos o lugar dos parques e dos circos era ali na rua Pernambuco, esquina com 21 de Abril, onde hoje é o antigo Fórum e o Supermercado ABC, no famoso campinho escola.

      Na nossa infância, aquele quarteirão era todo desocupado, de terra mesmo, bem vermelha, que, na época da seca, levantava aquele poeirão. Acredito que aquele terreno era da Rede Ferroviária. Era ali que tudo acontecia: todo dia a molecada jogava bola, descia de carrinho de rolimã, de bicicleta e tudo mais ligado a infância e bagunça. Ali também, nos fins de semana, acontecia a feira de frutas e verduras, hoje estabelecida no bairro Esplanada. Ocorria ainda a feira de veículos, era um lugar onde todos, pelo menos uma vez por semana, passavam.

      Ali também que a mágica acontecia. Lembro que só ver a chegada dos grandes caminhões já era motivo de grande euforia. “O parque vem aí”, dizia o letreiro coloridamente nas laterais dos veículos. Medíamos o tamanho do parque ou circo pela dimensão e quantidade de caminhões.

     Quase armávamos tenda para não perder nada. E, como na nossa época não existia as redes sociais, o jeito era avisar aos amigos passando de casa em casa. Eu e meu primo Gilberto tentávamos saber de tudo que iria acontecer para não perder nada.

      O melhor da festa era esperar por ela, ninguém imagina a ansiedade que ficávamos para ver tudo montado.

      A abertura era sempre nos fins de semana, a rua ficava intransitável, as filas davam voltas para a compra dos ingressos e assim a magia começava. Como não gostar dos carrinhos tromba-tromba, da roda gigante e sua total elegância, do trem fantasma – que, antes de entrar, escutávamos os gritos de terror dos que já sofriam lá dentro – e do chapéu mexicano, que sempre diziam ser perigoso e ter muito acidente? Mas o melhor era a montanha russa, pura adrenalina, feita para os fortes ou os que fingiam ser, nosso caso.

      Mas o melhor do parque era estar ali e, pelo menos naquele momento, ser parte daquele fantástico mundo encantado. Saíamos esgotados de tanto brincar, mas felizes e em estado de graça já esperando pela próxima atração que viria para a terrinha.

     E eu continuo aqui, na Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120, realizando sonhos...

 

 

 

 

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