O “novo normal”. Qual o papel da advocacia?

Ellen Ariadne Mendes Lima - OAB 

A pandemia da covid-19 nos trouxe de presente a incerteza, como um sentimento fixo e praticamente generalizado em indivíduos, organizações governamentais e sociedade civil.

A partir de novas premissas e comportamentos, surgiu esse termo, “novo normal”, usado indistintamente pela maioria, e, perdoem-me a intervenção de meus pensamentos: que chatice! Assim, refletindo sobre a minha antipatia do “novo normal”, fiz uma breve reflexão do papel da advocacia nesse cenário e de que forma isso nos impactou.  

Uma das coisas que já sabia, mas se concretizou durante a pandemia, é que realmente a advocacia é uma profissão sem fronteiras, podemos trabalhar no sistema eletrônico judicial, em qualquer lugar do país, e quiçá do mundo. 

A virtualização dos processos físicos e a inserção de forma efetiva do processo judicial eletrônico na vida de todos nós eram esperadas a longo prazo e a atualidade nos demonstra que não há mais prazo, o prazo é AGORA!

Se o “novo normal” da advocacia não é realidade para alguns, que se adaptem, pois novos paradigmas de reestruturação das legislações estão sendo construídos a partir disso e somos nós, profissionais do direito, que temos o direito e o dever de colocar essa máquina em funcionamento, para que o Judiciário informatizado possa se utilizar de mecanismos virtuais seguros, garantindo a efetiva prestação jurisdicional.

Uma das coisas importantes que a crise despertou foi a imprescindibilidade da advocacia. 

Já pararam para pensar em quantas alterações legislativas significativas que o estado de pandemia gerou? Impactos de natureza sanitária produziram efeitos em todos os setores da vida em sociedade, por meio de decretos e leis editadas e promulgadas durante a pandemia.

O profissional especialista nunca trabalhou tanto e foi, e é, constantemente colocado à prova.

É por essas e outras considerações que o “novo normal” me aborrece, mas atentem-se é só um termo que tomei “ranço”, pois, apesar de amplamente debatido, seu significado é impreciso, pois não leva em conta que o mundo no qual sempre vivemos está em constante transição e inovação. Há quem diga que vivemos um “novo normal” a cada segundo. 

Precisamos ultrapassar e nos transformar cotidianamente, e essa transformação exige a superação de muitos obstáculos, como os relacionados à inclusão digital. É possível, sim, exercer o direito a distância, utilizar a tecnologia para um trabalho cada vez mais compartilhado e multidisciplinar e, além disso, praticar mais a objetividade e acessibilidade.  

Em suma, o "novo normal" do direito, bem como em qualquer outro setor, tende a ser um termo muito simplista para a vida real. A pandemia tende a nos ensinar mais sobre empatia e coletividade do que simplesmente um novo normal de rotina e vida.

O que temos, além da enorme aceleração das transformações tecnológicas e multidisciplinares que já vinham acontecendo, pois a tendência é que vão ocorrer cada dia mais, é uma nova forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas e de que forma os desdobramentos da pandemia retornarão para a rotina de todos nós.

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