O lugar do povo

A miss da cidade de Campo Novo do Parecis, Bruna Reis Figueiredo, teve o seu título cassado na última semana pela organização do Concurso Miss Mato Grosso 2019. Ela gravou um vídeo zombando de um entregador de comida por fazer o trabalho em uma bicicleta e o caso gerou repercussão nas redes sociais. Apesar de estarmos em pleno 2019, em pleno século 21, muitas pessoas ainda não evoluíram. Queremos mudanças, exigimos melhorias, mas insistimos em manter as mesmas atitudes dos nossos pais, avós, bisavós, (nem todos, é claro). E esta é uma conta que não fecha. Afinal, como evoluir com as mesmas atitudes dos nossos antepassados? Situações como esta nos fazem questionar: que geração é essa que vem por aí? Que não tem empatia, não consegue se colocar no lugar do outro? Que geração é essa que só pensa em si mesma e zomba daquilo que deveria servir como exemplo? Isso preocupa, pois eles serão o futuro do país.

Afinal, como colocar o Brasil nas mãos de uma geração que não sabe respeitar o próximo e acredita que humilhar o outro é a melhor forma de se sentir superior? Como deixar o país nas mãos daqueles que são tudo, menos humanos? Situações como estas acontecem diariamente, mas poucas têm destaque. Quando recebem, mostram o caminho que estamos tomando, e que a evolução está muito longe de chegar. O mais triste disso tudo é saber que o Brasil tem milhares de Brunas Reis que humilham trabalhadores, que acreditam que a classe C é feita exclusivamente para servir, e acreditam na tal “meritocracia”, quando nem todos têm a mesma oportunidade. No Brasil, milhares de Brunas estão espalhadas por aí dizendo aos quatro cantos “se eu tive foi porque eu mereci”. Essas Brunas seguem os seus caminhos sem conseguir olhar para os lados ou para o próximo.

Triste é constatar que é justamente por causa deste sentimento que estas Brunas alimentam por aí que a desigualdade social persistirá no país durante muito tempo. É por atitudes assim que nossos governantes continuarão trabalhando para que o abismo que existe entre os ricos e os pobres continue, pois apoiadores não faltam. Afinal, temos uma geração que não consegue enxergar além do seu umbigo. Enquanto vemos nações se unirem em prol do outro, lutando pela igualdade social, pelo fim da concentração de renda, ocupando ruas e parlamentos, no Brasil os nossos jovens vão para as redes sociais zombar de trabalhadores. É muito preocupante o rumo que estamos tomando. Talvez, ainda dê tempo de devolver para os índios, pedir desculpas e dizer: deu tudo errado. Não soubemos nos comportar como seres humanos. Não soubemos ter empatia, estender a mão, não mudamos o nosso comportamento, mas pedimos evolução.

Talvez o nosso povo ainda precise andar por caminhos tortuosos para que encontre o seu lugar no mundo ou o seu lugar ao sol. Talvez ainda precisemos criar calos nos pés para descobrirmos que, para evoluir, é preciso andar em linha reta, e não em círculos e mais do que nunca, mudar as atitudes.

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