O ladrão

Editorial - O ladrão

Esse editorial tem abordado sempre sobre os mesmos assuntos, mas com propósitos de alerta diferentes. Os títulos já falam por si só: “A lambança”; “A sociedade do espetáculo”; “Mamão com açúcar”. Agora, não poderíamos deixar de dizer sobre “o ladrão”. No sentido lato sensu, ladrão é um substantivo masculino que significa “Indivíduo que rouba, pega para si o que não lhe pertence”. Pois bem, temos visto que, hoje em dia, ficou muito fácil chamar a qualquer um de ladrão, sem o menor pudor. E o pior: escrachadamente em vídeos, lugares públicos e importantes, com o único intuito de expor pessoas e se colocar na posição de juiz. 

Acreditamos que quem faz isso não deve saber de fato o significado do termo “ladrão”, pois, se soubesse, entenderia que não se chama ninguém dessa forma, especialmente sem provas. O que se tem visto é mais do mesmo. Pessoas acusam de ladrão sem o menor pudor, sem a menor responsabilidade e respeito políticos que já serviram à cidade e outros que nem tiveram a chance de ocupar cargos políticos ainda, tendo apenas concorrido às eleições. É uma tentativa desesperada de tentar "tapar o sol com a peneira”, ou, em outras palavras, encobrir seus erros. Afinal, na “sociedade do espetáculo”, é muito mais fácil apontar o dedo para o outro do que reconhecer o próprio e tentar consertá-lo ou melhorar. 

Tal atitude só denota que quem pratica esse ato está comprometido apenas consigo mesmo, e não tem a mínima boa vontade de mudar ou sequer iniciar uma evolução de comportamento. A grande verdade é que esse teatro já está perdendo a graça e, junto com ele, está levando a esperança de um dia vermos pessoas nos representarem sem precisar atacar outras, mas falando do seu trabalho e cumprindo o papel de um líder, pois um representante se presta a esse papel. É como dizem: “Quando o trabalho é bom mesmo, ele fala por si só”. E, como os mais velhos falavam, “em boca calada não entra mosquito”. 

Os tempos atuais nos trazem saudades de quando tudo se resolvia no “fio do bigode”, com uma xícara de café. Quando não se tinha necessidade de gravar vídeo xingando, capinando, intimidando, apontando, acusando. A grande questão é: será que essa forma de resolver os problemas é passageira? Será que teremos que aturar esses espetáculos para sempre? Será que isso só vai acabar quando o povo sentir que está sendo feito de palhaço? Uma vez feita a lambança, é muito difícil, mesmo depois de limpa, não deixar marcas. Mas o que interessa é saber: por que é tão importante chamar os outros de ladrão? Qual é essa necessidade de apontar o dedo para o outro e se colocar no lugar de melhor? Seria narcisismo? 

Um ladrão não rouba só dinheiro, armas, drogas, carros. Um ladrão profissional rouba bem mais e pode deixar consequências irreparáveis. Um ladrão pode roubar, sem mais nem menos, a liberdade de expressão de alguém ou a única coisa que a pessoa pode ter: seu nome. Quer pior do que quando um ladrão rouba aquilo que o indivíduo tem de mais íntimo, que é a lealdade, a confiança e o respeito? Quando isso acontece, o bandido não mede as consequências e ele acaba com uma sociedade inteira. Vale relembrar que, quando chamamos pessoas daquilo que queremos, simplesmente expomos para fora o que somos!



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