O fim do coronavírus

João Carlos Ramos 

Tudo que tem princípio, sem sombras de dúvidas, também tem fim. É o que dizem no vocabulário popular. Obviamente, o coronavírus terá fim, ainda que deixe sequelas irreparáveis, principalmente nas mentes das pessoas. A humanidade tem passado por inúmeras epidemias no decorrer da história e teve que se adaptar a outras indesejáveis realidades. Assim, após a pandemia atual, teremos que nos adaptar e ainda com um agravante: a população atual é muitíssimo superior em número de habitantes e obviamente possui laços econômicos diversificados e altamente dependentes. De acordo com essa reflexão, temos ainda o temor de um gravíssimo apagão nos sistemas tecnológicos, que resultaria em tragédias múltiplas em todo o planeta. Devemos estar sempre preparados para o pior, ainda que estejamos em completa bonança. 

Nossa existência é cíclica. Salomão diz em seu livro, cognominado Eclesiastes, 3:15: "O que é já foi e o que há de ser também já foi e Deus pede conta do que passou".

Sabemos que a cabeça do espermatozóide possui cinco micrômetros de comprimento, o que equivale a 0,001 milímetro, e tem inteligência de disputa e eleição espantosa. Após o mistério da concepção, realiza-se o mistério da vida. O DNA, unido à epigenética, traz ao mundo os caracteres biológicos e comportamentais que definirão os rumos da vida do recém-nascido. Os dados citados levarão o ser humano ao nada, chamado morte. Portanto, devemos ser humildes perante a lei maior de causa e efeito, sabendo que, infalivelmente, colheremos o que semearmos. "A semeadura é opcional, mas a colheita é fatal."

Devemos aproveitar essa fase pandêmica para semear o bem e apagar mágoas e instintos de vingança. O pão está ficando escasso e temos que repartir o pão nosso de cada dia. Ainda que nosso pão seja um sorriso ou um simples aceno. Nunca fomos tão próximos, mesmo distantes.

A pandemia nos colocou no mesmo barco e as águas são tumultuosas. Ricos e pobres correm o mesmo risco e por isso se nivelam...

Existe um texto clássico, apropriado para esse momento.

Trata-se do poema, intitulado "Se", de RUDYARD KIPLING: "Se és capaz de manter a tua calma, quando todo mundo ao redor a perdeu e te culpa. De crer em ti, quando estão todos duvidando e para esses, no entanto, achar uma desculpa. Se és capaz de esperar, sem te desesperares, ou enganado, não mentir ao mentiroso ou sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso, és capaz de pensar, sem que a isso só te atires de sonhar, sem fazer dos sonhos teus senhores.

E encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma esses dois impostores. Se és capaz de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste. E as coisas pelas quais deste a vida, estraçalhadas e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa só parada, tudo quanto ganhaste em toda tua vida. E perder e ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida"...

O grande poeta finaliza, dizendo: "És um homem, meu filho!". Voltando ao início do texto... Esse homem volta ao nada, pois o que é já foi.

Nada mais a acrescentar.

Que venha o fim do coronavírus!  

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