O fantasma da missão

Ômar Souki

Sabemos o que é missão. Mas o que é o “fantasma da missão”? No livro Chamado para liderar, John Ortberg mostra que, além de uma missão, os seres humanos e as organizações possuem algo chamado de fantasma da missão.  “Nossa vida e a vida dos grupos dos quais fazemos parte podem perseguir algo indigno e obscuro. Entregar-nos aos fantasmas de nossa missão é ou poderia ser nosso grande temor”. “Sem uma autêntica missão, seremos tentados a ligar o piloto automático, deixar nossas vidas girar em torno de alguma coisa torpe, egoísta e obscura um fantasma da missão.”

Não estamos aqui por acaso. Cada um de nós tem uma missão. Mesmo que não esteja explícita, como fica na entrada das empresas. Passei em frente a um lava jato (de nome Sorriso) e lá estava escrito: “Nosso sorriso é a sua satisfação!”. Qual é a missão da Disney? “Fazer as pessoas felizes”. E da Natura? “Promover o bem estar bem”. Ministrei uma palestra na Saint Jude Medial, fábrica de válvulas para o coração. Missão? “Dar uma segunda chance.” Qual é o seu objetivo nesta vida? Se ainda não pensou nisso, pense em qual poderia ser a sua missão. A minha é: “Inspirar otimismo!”.

Se não agarrarmos a missão para a qual Deus nos designou, podemos buscar algo que a substitua. O ser humano não pode viver sem um propósito. Ortberg diz que “Nobres missões dão surgimento a nobres pensamentos, mas os fantasmas da missão produzem uma vida interior de escuridão secreta e descontentamento destrutivo. Os fantasmas da missão sempre destroem pelo menos uma pessoa aquela que vive para eles”.

Todos exercemos algum tipo de influência, não importa se ocupamos ou não um cargo de prestígio. Nossa influência se manifesta na família, no trabalho, nos amigos, na vizinhança e na mídia social. Somos o que somos e estamos onde estamos por uma razão. Não existe acaso. E a hora é agora. Essa influência é exercida pelas nossas tendências habituais, pela maneira com que pensamos, sentimos, planejamos e escolhemos pela nossa criação moral e espiritual pelo cerne de nossa personalidade. Isso pode ser chamado de nossa natureza, que é diferente de nossas competências, ou dons.  

Nossas competências são algo bom e desejável. Por meio delas podemos obter as coisas materiais que a nossa cultura valoriza. Como diz Ortberg, “elas colocam as pessoas na capa das revistas”. Mas podem se voltar contra nós se não cultivarmos com afinco a nossa natureza, isto é, nossos valores pessoais. Por exemplo, desde a escola fundamental, passando pela secundária, fui escolhido para realizar algum tipo de ação de destaque no teatro ou como orador da turma. Daí surgiu em mim uma necessidade de aprovação (palmas). Esse é o fantasma de minha missão. É contra ele que devo lutar, caso contrário, minha missão, em vez de ser “inspirar otimismo”, pode ser subjugada pelo seu fantasma: ser aplaudido!

Podemos, então, ser facilmente traídos pelo fantasma de nossa missão. Como disse Jesus, precisamos “vigiar e orar” para não deixar que o fantasma subjugue algo que dá sentido a nossa vida: a missão!

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