O dia das Mães

Amnysinho Rachid

Uma data lembrada e guardada com carinho é o dia das mães, mais do que o Natal ou qualquer data, este fim de semana é e acredito que será sempre especial.

Uma das primeiras lembranças que temos é estar fazendo um desenho para a mãe. Quem nunca fez aquela linda redação "Retrato de Mãe: Minha mãe é linda. Tem o cabelo em três cores vermelho, preto e branco. É muito brava quando faço coisa errada e muito boazinha quando estou dormindo"... E aí o trem andava, no dia das mães era entregue junto com um presente, que ela mesma tinha mandado o dinheiro, com uma flor, era só esperar para vê-la chorar.

Quase esqueci um quesito importantíssimo, a musiquinha: "Mamãe, mamãe, mamãe, eu me lembro de chinelo na mão, avental todo sujo de ovo, se eu pudesse eu queria outra vez mamãe começar tudo, tudo de novo…".

Era sagrado na minha família ir à casa da minha avó Maria, na manhã do dia das mães. Quando o meu avô era vivo, lembro que ficava na sala, sentado em sua cadeira, sempre de terno e gravata, impecável, rodando uma corrente com uma chave, aí íamos passando pedindo bença e sentando no sofá. Para mim aquele sofá era enorme, lembro de custar a subi-lo e ficávamos quietinhos quase sem respirar. Avó libanês era assim mesmo, bravo, vovô Rachid.

Mas aí aparecia na porta minha avó, fazendo sinal para írmos para a cozinha, logo ia dizendo "deixa seu avô prá lá e venham comigo", já pegando as latas de biscoito e distribuindo e dizendo: "não ficou muito bom, mas come assim mesmo", dando uma risada gostosa.

Minha avó era uma mulher diferenciada, muito simples, baixinha, mas de uma fé inesgotável, era uma mulher forte e feliz, acreditava que para tudo existia uma solução. Sempre quando perguntávamos se estava boa já ia logo dizendo: "Boa para jogar fora!".

Neste encontro sempre era servido um delicioso pernil de porco assado com molho de tomate no pão de sal. Vocês não imaginam o tempero deste pernil! Hoje faço igual, é de comer rezando! Como em todos os encontros familiares, tinha de tudo: aqueles que sempre chegavam mais cedo e começavam a ligar, na época telefones fixos, para os outros que estavam atrasados, aqueles abraços de quem estava com saudade e os que abraçavam por obrigação, a mulherada na estica, sempre disputando uma com as outras.

Lembro que íamos para o quarto que tinha uma rede e ali balançávamos e caíamos na cama e sempre tinha um dos mais velhos dizendo: "A cama vai quebrar!".

Tinha também a chegada da minha tia que trazia a faca elétrica para partir o pernil e quase matava as outras de inveja pela tecnologia, sempre tinha alguma briguinha das primas que se achavam mais bonitas que as outras e assim como em toda família a coisa andava. 

Em certa hora, todos se reuniam na sala e vinha de novo a musiquinha: "Ela é a dona de tudo, ela é a rainha do lar…", e no fim todo mundo chorava. Então era servido um bombom e íamos felizes para casa, certos que no outro ano encontraríamos...

E continuamos aqui, na Tok Empreendimentos, rua Cristal, 120.

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