O coração mineiro

Anunciam-se as comemorações, no ano que se aproxima, dos trezentos anos da Capitania das Minas do Ouro e da Sedição de Vila Rica. Os dois acontecimentos nos levam ao ano de 1720.

A memória da criação da Capitania, depois Província, depois Estado de Minas Gerais faz lembrar um divinopolitano que nos parece ter amado mais a Minas do que particularmente a Divinópolis. Ele não se encontra no excelente álbum produzido e editado pelo escritor e fotógrafo Welber Skaull. É que ele tornou-se uma figura esquecida pelos divinopolitanos. Talvez por sua própria opção.

Estávamos para escrever sobre ele no ano passado, quando se completaram cinco anos da sua morte. Mas queríamos pesquisar dados mais exatos sobre a sua vida; e os meses se passaram, o ano de 18 terminou e eis que 2019 está por poucos dias.

José Arnaldo Coelho de Aguiar Lima nasceu aos 24 de fevereiro 1956. Sua família morava na avenida 1º de Junho, ao lado da Residência Episcopal. Na virada dos anos 60 para os 70, era um dos estudantes do Colégio Estadual São Tomás de Aquino. O adolescente chamava as atenções pela longa e bem cuidada cabeleira que lhe chegava quase à cintura. Mas também pela inteligência, pelo sucesso nos estudos e pela participação em muitos eventos. Salvo engano, foi elemento atuante na União Estudantil Divinopolitana (UED), de gloriosa memória. Depois foi estudar na UFMG, graduando-se em história. Em seguida, fez o mestrado e o doutorado. Mas não retornou a Divinópolis. Seus sentimentos de mineiridade o chamavam para as plagas originais de Minas. Ingressou na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop). Por muitos anos, atuou como docente no Instituto de Ciências Humanas (ICH), situado em Mariana. Dedicou-se sobretudo à história da arte. Ultimamente estava no Departamento de Museologia. Era um pesquisador respeitado nos meios acadêmicos e professor querido pelos alunos. Em 21 de abril de 1995, recebeu a Medalha de Honra da Inconfidência, em Ouro Preto. Faleceu de um ataque cardíaco, na madrugada de 10 agosto 2013. Foi homenageado pela universidade, no ano passado, nos cinco anos de sua morte. Deixou em fase adiantada uma interessante pesquisa sobre a obra de Athayde, trabalho que está sendo concluído sob a orientação de sua esposa Joseane.

Tivemos o prazer de visitá-los em Mariana. Residiam no centro histórico, junto à bela praça onde se situam a Prefeitura Municipal e as igrejas do Carmo e de São Francisco. Podia-se perceber que era feliz, realizado no que vivia e fazia. Divinópolis deu a Minas um intelectual competente, criativo e sensível.

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