O cinema e a trilha sonora

Maria Tereza Oliveira 

Quem nunca ficou com a música de um filme na cabeça? Algumas mais marcantes, como o inigualável tema de "Indiana Jones" (1981, 1984, 1989, 2002 e 2008), "Jurassic Park" (1993, 1997, 2001 e 2015) ou "Halloween" (1978, 1981, 1982, 1988, 1989, 1995, 1998, 2002, 2007, 2009 e 2018), outras nem tanto, porém, a trilha sonora de um filme tem papel primordial na hora de contar história. É ela que vai ajudar na ambientação de uma cena, às vezes com mais eficiência do que diálogos ou as imagens projetadas. Em alguns casos, as pessoas podem nunca ter assistido a uma película mas são capazes de reconhecer a trilha sonora desta.

É válido lembrar que um filme é um produto audiovisual, portanto, apesar da importância visual, o áudio também tem papel fundamental. Não está convencido? Tente imaginar a cena escadaria de "Rocky" (1976) com outra música. Ou talvez a cena do chuveiro em "Psicose" (1961) no mute. Quem sabe o letreiro do início dos filmes da franquia "Star Wars" (1977, 1980, 1983, 1999, 2002, 2005, 2015, 2017 e 2020)? Conseguiu? Provavelmente não.

Antes mesmo do cinema falado, a trilha sonora já se fazia presente. Na época do cinema mudo, durante a exibição dos filmes, um pianista acompanhava a trama e as músicas oscilavam entre melodias alegres, frenéticas, românticas e o que mais a cena pedisse. Por meio do som, o filme ganha complexidade e emoção. Mesmo que tenha uma trilha sonora "tímida", os efeitos sonoros precisam sobressair.

 

Trilhando pela história

 

Mas fazer uma trilha sonora não se trata apenas de encher um filme com a playlist preferida do cineasta. No cinema, o som também é silêncio, portanto, é preciso parcimônia na hora de encaixar na trama e ajudar na narrativa, em vez de quebrar o ritmo.

Recentemente, assisti um filme com uma trilha sonora totalmente desregulada ‒ foi quando surgiu a ideia para esta coluna ‒ e os efeitos das cenas foram desastrosos. O longa em questão só "jogava" as músicas aleatoriamente. Neste filme, uma cena de ação frenética com mortes de personagens foi destruída por uma música sexy ao fundo. Como resultado, em vez de temer pelos personagens ou ficar tensa, a única coisa que consegui foi rir do humor involuntário.

Todavia, isso não significa que um filme não pode ter sua trilha sonora com hits e não ter coesão. Exemplos de não musicais recentes que conseguiram fazer isso com maestria são "Guardiões da Galáxia - vol.1 e 2" (2014 e 2017). Nestes filmes, a presença de música é constante e ela ajuda a contar a história.

No caso de "Guardiões da Galáxia", James Gunn selecionou sucessos das décadas de 1970 e 1980. Durante o primeiro filme, o cineasta teve de brigar com a Marvel para conseguir manter as músicas nostálgicas no longa. E ainda bem que ele conseguiu, pois grande parte da trama depende especificamente da "Awesome Mix Vol. 1" de Peter Quill ‒ e posteriormente "Awesome Mix Vol. 2". 

 

John Williams: a lenda viva

 

Um dos maiores e, sem dúvidas, mais conceituados compositores de trilhas sonoras icônicas e premiadas é John Williams. Não por acaso ele ostenta 52 indicações ao Oscar. Muitas destas indicações vieram principalmente pelas parcerias de Williams com Steven Spielberg e George Lucas, mas o impacto de John se mistura com a cultura pop.

Dentre as principais trilhas de autoria dele, destacam-se as franquias "Star Wars", "Harry Potter" ‒ os três primeiros filmes (2001, 2002 e 2004) ‒, "E.T. the Extra-Terrestrial" (1982), "Superman o filme" (1978), "Jurassic Park", "Schindler's List" (1993), "Indiana Jones", "A Menina que Roubava Livros" (2013) e "Memórias de uma Gueixa" (2005). John Williams é a pessoa viva com maior número de indicações ao Oscar.

 

Maria Tereza Oliveira é jornalista e editora-chefe do site cebolaverde.com.br

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