Nem às paredes confesso

Nem às paredes confesso

 

O fado, música e dança típica dos portugueses, nos fornece esta bela e realista frase, título deste Editorial, na música cantada por Amália Rodrigues, um dos maiores nomes da canção de Portugal. Nela, a inspiração, não somente para o amor, mas também para as grandes maracutaias que aconteceram e acontecem neste país.

O Brasil experimentou, desde o início do governo Lula, algo que sempre existiu, mas que nunca vinha ao conhecimento público, pois realizado e mantido sempre entre quatro paredes. Porém, quando estas paredes começam a se multiplicar, fica difícil manter o enredo e, assim, o que era para ser um segredinho passa a ser uma dolorida entrega da alma e do prazer.

O mensalão, quando dedurado pelo então deputado Roberto Jefferson, foi apenas o chute inicial para que outras tramoias fossem aparecendo, começando pelo assassinato do prefeito Celso Daniel, passando pelo propinoduto e a lista de Furnas, o escândalo dos bingos e dos Correios, os dólares na cueca, fundos de pensão, Varig, quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, caso Satiagraha de Daniel Dantas, caso Erenice Guerra, Sesi e tantas outras (mais de 90 casos só no governo Lula e pouca coisa em Dilma), até desembocar na Lava Jato, com a megaoperação que quebrou a Petrobrás.

O que aconteceu por aqui foi o maior escândalo do mundo financeiro envolvendo as maiores autoridades de um país. O PT sempre quis ser grande e o foi realmente. Hoje, não é nem sombra do passado, embora alguns dos seus líderes e alguns artistas bem pagos com a Lei Rouanet tentem reavivá-lo. Por certo, não conseguirão, embora a justiça lhe favoreça. Afinal, a maioria do Supremo foi nomeada pelos dois petistas que ocuparam a Presidência, e eles nunca esconderam esta submissão.

Só que o povo está atento para todos os movimentos, prova disso foi o quase espancamento de Gilmar Mendes, que sofreu uma dura queda de autoridade, e só não apanhou porque estava no meio de gente civilizada. Mas, com certeza, entendeu o recado e já sabe que, em avião comum, não será conveniente viajar. O que apenas quer dizer que o soltador de criminosos pensará um pouco mais quando for despachar algum pedido de habeas corpus que, com certeza, desembocará em suas mãos, pois, ao que parece, quem quer ser solto ou beneficiado, espera a hora do seu plantão.

Gilmar precisa repensar sobre suas atitudes. Hoje os juízes são todos conhecidos no país inteiro e as suas decisões consideradas contrárias ao interesse coletivo terão cobranças. E até que ponto ficará apenas em vaias, ninguém sabe. Melhor que ele e seus pares, entre as paredes do Supremo, confessem os seus erros e mudem de posição. Como se viu no seu caso, já não existe mais “aquele” respeito, que fazia com que um juiz do Supremo fosse considerado um semideus, hoje eles estão mais como semidiabos.

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