Natal: tempo de união ou de comércio?

Maria Tereza Oliveira

Todo fim de ano é igual: as ruas e casas são decoradas, as vitrines das lojas anunciam promoções, os bairros organizam as tradicionais novenas de Natal, os funcionários aguardam ansiosamente o pagamento do 13º salário e as crianças esperam os presentes do Papai Noel. As festas de fim de ano trazem uma atmosfera mais leve. O Natal, comemorado no mundo todo pelos cristãos, celebra o nascimento de Jesus Cristo. Dois milênios após o acontecimento, há quem critique que a data se tornou capitalista. Mas será que isso realmente deturpa o significado do Natal?

Para cada pessoa, o Natal tem seu significado, no entanto, é quase um consenso que a data é uma época de união. Mesmo com todas as problematizações, as famílias ainda se reúnem na noite de 24 de dezembro para cear.

Para a dona de casa Sônia Santos, 49, até mesmo as convenções consideradas comerciais destacam o significado de união da data.

— Mesmo o tradicional amigo oculto, criticado por muitos, é um gesto de carinho. Muita gente gosta de destacar que o significado do Natal não é presente, mas presentear também não é uma forma de demonstrar amor? — questionou.

Apesar disso, a dona de casa afirma ser fundamental que os presentes não sejam os protagonistas do Natal.

— Estar junto, celebrar o nascimento de Jesus e viver o momento em família é a prioridade do Natal. Mais do que o cardápio da ceia, o importante é estar em comunhão com a família. Agradecer pelas vitórias deste ano e projetar positividade para o próximo — salientou.

A vendedora Joyce Cristina, 24, tem uma conexão mais religiosa com a data. A jovem é responsável pela novena de Natal de sua rua. Para ela, a celebração precisa ter mais foco em Jesus Cristo e menos no Papai Noel.

— Não é que eu seja contra a mística em volta do Papai Noel, mas pense bem: quantas vezes encontramos a figura dele [Papai Noel] para promoções e quantas vezes vemos presépios? Jesus é sinônimo de humildade e simplicidade, no entanto, o que vemos é mais uma briga de ostentação — acusou.

Para ela, algumas pessoas estão mais preocupadas em fomentar disputas em famílias do que a união.

— Até mesmo nas ceias, a gente vê as mães disputando quem tem o filho mais bem-sucedido e, no fim, não aproveitam a oportunidade de curtir o tempo juntos. Em vez de agradecer por ter uma mesa farta, enquanto muitos não têm o que comer, escolhem reclamar da uva passa no arroz. Para mim, perdeu o sentido — lamentou.

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