Nanotecnologia pode ser usada para despoluir rios

 

Da Redação

Imagine partículas muito pequenas que, jogadas na água, são capazes de remover substâncias e despoluir rios e lagos. Isso existe e foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo com o uso da nanotecnologia. As informações são da assessoria do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A tecnologia magnética criada com recursos do ministério tem alto poder de adsorção (processo pelo qual átomos, moléculas ou íons são retidos na superfície de sólidos através de interações de natureza química ou física). Ainda de acordo com a assessoria, poderia ser usada, por exemplo, para ajudar na despoluição do rio Doce e seus afluentes, contaminados pela lama no rompimento da barragem de Mariana, há dois anos.

O projeto custou cerca de R$ 390 mil e inclui o desenvolvimento de processos de fabricação em escala industrial das nanopartículas para remoção de substâncias e tratamento de efluentes.

– Esse é um material capaz de capturar diferentes tipos de substâncias das águas, como pesticidas, hormônios, metais pesados, cadmio, cromo e mercúrio. Com a técnica de adsorção, é possível remover praticamente todos os poluentes da água de uma maneira bastante eficiente – explica o coordenador do projeto, Koiti Araki, do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Nanociências e Nanotecnologia da USP.

Para ele, há, no Brasil, vários locais onde a tecnologia poderia ser aproveitada.

– A presença de mercúrio em nossos rios é muito alta. Os efeitos dos metais pesados no organismo, a longo prazo, são sérios. É possível encontrar hormônios humanos e de animais, e nós acabamos consumindo isso, pois o sistema de tratamento de água existe, mas não é tão eficiente para remover tudo isso. Empresas de tinturarias, por exemplo, deixam muitos corantes solúveis na água mesmo após o tratamento. As tecnologias hoje oferecem uma água muito boa, mas ainda sobra poluentes – diz Araki.

Outra vantagem da adsorção magnética desenvolvida a partir da nanotecnologia é a recuperação de materiais, como ouro ou prata, depositados na água.

– Quando concentramos o poluente num tanque no processo de adsorção magnética, agregamos valor a ele. Com isso é possível, em alguns casos, que se tenha recuperado prata ou ouro, elementos mais nobres, espalhados em quantidades microscópicas pela água.

Propriedade extra

O Núcleo de Apoio à Pesquisa em Nanociências e Nanotecnologia da USP integra o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologia (SisNANO) e já recebeu R$ 1 milhão em investimentos do MCTIC. No total, seis pesquisas estão em andamento.

– Elas começaram em 2013. Atualmente, estamos fazendo a transferência dessa tecnologia. É um material novo que possui essas nanopartículas magnéticas. A ideia básica para desenvolvê-lo foi adicionar uma propriedade extra aos materiais adsorventes para permitir um novo modo de aplicação, como o carvão ativo para remover metais pesados. O que fizemos é justamente esse tratamento para oferecer água com maior qualidade – acrescenta Araki.

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