Mundo de opiniões

Antônio de Oliveira

Platão concebeu este mundo como mundo da opinião (“doxa”, em grego): cópia imperfeita do mundo dos inteligíveis. Este mundo, conhecido através do olfato, do paladar, audição, visão e tato, não nos permitiria atingir o verdadeiro conhecimento.

Baseado nos sentidos externos, o conhecimento é alcançado pessoa por pessoa. Arrisco uma opinião: este mundo não seria, então, o mundo de opiniões? Cada cabeça, uma sentença. 

Toda vez que eu digo “acho... creio... penso que...” estou a indicar tratar-se de minha opinião, crença, modo de pensar. Esses verbos são ditos opinativos, de opinião. Só que costumamos opinar como se tivéssemos certeza. Aí está o nó cego que só a custo se desata. Quando se desata.

Certeza é certeza, opinião é opinião. Daí uma das razões de tantos desentendimentos: a confusão entre esses dois estados da mente, além da dúvida e da ignorância em relação a determinado assunto. Podemos criar um mundo de fantasia, do sonho, imaginando que ele é real, quando não o é de fato. 

O mundo da verdade se constrói trocando ideias, não trocando de ideias como se nosso interlocutor tivesse que engolir nosso ponto de vista goela abaixo. E isso não vale apenas para o docente. É válido para todo o mundo. A verdade é libertadora. Fala-se muito em justiça e, relativamente pouco, em verdade. Em verdade, em verdade, vos digo...

A verdade é condição para a justiça e, fruto da justiça, a paz. Não se trata de um jogo de palavras, mas de palavras em jogo. Palavras há que aprisionam e há palavras que libertam. Palavras libertadoras.

“Liberté, Égalité, Fraternité.” Não foi esse o lema da Revolução Francesa? E a verdade, onde ficou? Ou estaria embutida em liberdade? De qualquer maneira, são palavras que rimam uma com as outras. Sutilezas de linguagem ou o caminho para a verdade é um labirinto? “Fake news” não seria uma ocultação da verdade e a prevalência da versão ao fato, uma máscara? Covid-19 consagrou o uso da máscara. Ou já era de uso interno?

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