Mulheres acusam CSSJD de descaso na maternidade

 

Maria Tereza Oliveira

Os olhos da população divinopolitana estão virados para a maternidade do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD). Isso porque nos últimos dias algumas pessoas acusaram, por meio das redes sociais, o CSSJD de descaso com as mulheres prestes a dar à luz pelo Sistema Único de Saúde (SUS). As denúncias alegam que o hospital colocava várias mulheres para terem seus filhos em uma única sala, sem privacidade.

O momento da maternidade é um dos mais aguardados pelas grávidas. O nascimento é sempre cheio de expectativas e os futuros pais esperam ter a melhor experiência possível. Entretanto, uma publicação feita em uma rede social, que denunciava a forma pela qual as grávidas foram tratadas na maternidade do CSSJD, levantou um debate. Diversas pessoas se manifestaram sobre o assunto e algumas mães reclamaram de um suposto descaso da instituição com os pacientes.

A maior ironia desta situação é que ela veio a público na mesma semana em que são comemoradas duas lutas para a saúde feminina: o Dia internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Ambas as datas foram comemoradas ontem e têm como objetivo chamar a atenção e conscientizar a sociedade sobre os diversos problemas de saúde e distúrbios comuns na vida das mulheres.

Denúncia

O assunto foi exposto em um grupo do Facebook. Edileusa de Souza Pires afirmou que as grávidas todas juntas, com seus acompanhantes, no mesmo quarto ao dar à luz.

— As mulheres estão tendo seus filhos com a maior falta de respeito. Todas juntas em um só quarto, com seus maridos vendo as outras mulheres tendo os seus bebês — revelou.

A denúncia ainda expõe que, após o nascimento, a situação ainda continua desconfortável para as pacientes.

— Elas ficam no mesmo quarto de outras que estão passando mal. O lugar cheio de sangue. [...] Isso é desumano — acusa.

Após o desabafo, que teve muita repercussão, várias pessoas, dentre mães e pais, que afirmaram ter passado por situações similares, também se manifestaram. A publicação, no entanto, foi excluída.

Violência obstétrica

Pouco divulgada, e às vezes tratada como tabu, a violência obstétrica é sempre corriqueira e assombra mulheres. Com o intuito de coibi-la, recentemente, foi criada uma lei para combater a violência contra gestantes, parturientes e mulheres em situação de abortamento.

De acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Perseu Abramo, divulgada no site da ONG Artemis, cerca de 25% das grávidas no Brasil sofreram com a violência obstétrica.

É considerada violência obstétrica se houve abuso físico e/ou sexual, preconceito, discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as gestantes e os profissionais, além de condições ruins do sistema de saúde.

Em Divinópolis há uma lei que trata sobre o tema. A Lei Municipal 8.459/ 2018 aborda a implantação de medidas de informação e proteção contra a violência obstétrica e também normatiza a presença de doulas durante partos na cidade.

Outro lado

O CSSJD soltou uma nota com seu lado da história. De acordo com o hospital, há sempre o diálogo sadio, esclarecedor e respeitoso acerca de como é de fato realizada a assistência, principalmente na maternidade da instituição.

— Dentro de um âmbito assistencial, o CSSJD preza de forma incisiva pela humanização e pelo respeito à mulher e à sua família durante toda a assistência ao nascimento de seu bebê. Dessa forma, seguimos os mais atualizados protocolos de assistência, com o objetivo de oferecermos sempre o melhor serviço possível a todos os nossos clientes — defendeu.

De acordo com a instituição, no começo deste ano foi iniciado um projeto de reformulação total das estruturas assistenciais.

— Além disso, há uma equipe de ponta, um ambiente acolhedor e humano, principalmente para a assistência ao parto e ao nascimento. Por isso, estamos realizando uma importante reforma em nosso pré-parto que será dividido em três quartos nas dependências de nossa maternidade — justificou.

O CSSJD se desculpou pelos transtornos ocasionados pelas obras e colocou a maternidade da instituição à inteira disposição de toda a comunidade para quaisquer esclarecimentos sobre os serviços.

 

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