Mudanças infernizam ainda mais trânsito de Divinópolis

 

Parece a Índia: sem rotatória, condutores se arristam na Sete com São Paulo (Foto: Facebook/Reprodução)

Ricardo Welbert

As recentes mudanças de sentido em ruas e avenidas de Divinópolis têm levado muitos cidadãos a usar as mídias sociais para reclamar das alterações. A Secretaria de Trânsito e Transportes (Settrans) afirma que todas elas foram feitas após estudos feitos por especialistas.

No dia 9 de março, o analista de sistemas Oyama Etto publicou no Facebook um vídeo que recebeu e que mostra uma situação caótica de engarrafamento no cruzamento da rua São Paulo com a avenida Sete de Setembro. Divulgou também uma foto que fez da janela do prédio em que mora e que mostra uma extensa fila de veículos parados na avenida Rio Grande do Sul.

— Não sei como, mas alguma noz tentou melhorar o trânsito de Divinópolis. Só que não. Alguém deve ter feito um projeto. Não é possível que só disse: “vamos mudar isso, é isso e pronto”.

Até as 16h40 de ontem, o conteúdo havia sido compartilhado 64 vezes.

— Ridículo! Parece que o engenheiro de trânsito da cidade nunca sabe o que faz. Ou, melhor, sabe muito bem gastar o dinheiro público fazendo e desmanchando passeios enquanto existem bairros na periferia sem água, esgoto e ruas sem calçamento. Até quando precisaremos engolir a falta de competência nesta cidade? — comenta a internauta Vania Tourino.

— Duvido que a Prefeitura tenha em seus quadros um engenheiro de trânsito. Se tiver, meu Deus, dispensa logo ele, pois só fez coisa errada — acrescenta o farmacêutico Robson Souza Machado.

Dúvida 

A culinarista Lucrécia Donato também critica a capacidade desses especialistas. Em uma publicação feita ontem no Facebook, ela pergunta se quem mudou o trânsito tem qualificação para isso.

— Pelo amor de Deus, a cidade virou um caos — reclamou.

Procurada pelo Agora, ela contou que mora há 30 anos na rua Paraíba, quase na esquina com a Rio Grande do Sul.

— Minha rua nunca ficou tão congestionada como está agora. A qualquer hora do dia, está lotada de carros e os motoristas, com raiva por causa da mudança, buzinam sem parar, acabando com o sossego de quem antes vivia tranquilo em suas casas. As ruas e avenidas do Centro são imensas. Não precisava de mudar para mão única — afirma.

Ônibus e vans que levam crianças para o bairro Sidil agora passam em frente à casa de Lucrécia. Com isso, nos horários de pico, esses coletivos disputam espaço com carros de passeio e motos.

Fila de veículos parados na Sete de Setembro (Foto: Oyama Etto/Reprodução)

— Agora eles só têm a Paraíba pra subir. Fecharam a Rio de Janeiro e tudo ficou um caos. As rotatórias que foram retiradas faziam o trânsito fluir bem. Sair das garagens agora tem sido quase impossível. Não entendo como podem dizer que quem fez os estudos que basearam essas mudanças têm algum tipo de estudo na área, porque são mudanças que não fazem o menor sentido. Quando vi a mudança feita no cruzamento da Sete de Setembro com a rua Rio de Janeiro, comentei com um dos operários sobre como aquilo é absurdo. Ele me disse que também não entendia e que não estava acreditando que recebeu ordens pra fazer uma intervenção tão absurda — relata.

Até as 16h20, a publicação feita por Lucrécia havia recebido 11 comentários – todos em apoio à crítica feita por ela. A internauta Andréa Mendes comparou o idealizador das mudanças a “um pedaço de porteira velha”.

— O cara me tira rotatória, que é evolução no trânsito em qualquer país de primeiro mundo, e faz esse retrocesso, essa bagunça no trânsito. Está influenciando em todas as ruas próximas, com congestionamentos nunca vistos antes. Paraíba, Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e João Notini, sem falar na Sete Setembro e Rio Grande do Sul, todas com filas gigantescas. Fizeram isso no bairro Porto Velho também. Ódio mortal dessa turma — declarou.

Outro lado

A Settrans afirma que todas as mudanças foram baseadas em estudos técnicos feitos por profissionais capacitados e que após a realização das alterações, detectou problemas nos locais citados, em horários de pico.

Em relação ao caos no cruzamento da Sete de Setembro com São Paulo, o órgão informa que instalou e sinalizou anteontem uma travessia elevada no local. Dentro de 20 dias a estrutura deverá receber pintura.

Prefeitura instala travessia elevada na Sete de Setembro (Foto: PMD/Divulgação)

— As travessias favorecem aos pedestres. O local é elevado ao mesmo nível da calçada e o motorista obrigatoriamente reduz a velocidade do veículo, o que aumenta a sensação de segurança para o pedestre — declara o gerente de Projetos da Settrans, Lucas Lopes.

Na Sete de Setembro, já são três faixas elevadas. Ao todo, existem 15 travessias elevadas na cidade.

Sobre o problema na rua Paraíba, a secretaria informa que já estuda uma solução, que deverá ser praticada nos próximos 45 dias.

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