Minha Pátria ultrajada

Augusto Fidelis

O Brasil era mesmo o país do futuro: na transição do século XIX para o XX tudo indicava nessa direção. Por essa época, escrevera Olavo Bilac um poema, com o intuito de incutir valores na cabeça das crianças, incentivando-as a terem amor pela Pátria. Entre os belos versos, podemos ler: “Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! Não verá nenhum país como este! (...) Vê que grande extensão de matas, onde impera fecunda e luminosa, a eterna primavera”.

Pela mesma época, receoso de que alguma coisa poderia dar errado mais à frente, Ruy Barbosa  advertiu: “Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis (...). A política  é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada”.

Getúlio Vargas é cantado em prova e versos como o “Grande Ditador”. Como em determinado momento fechou o Congresso e dirigiu a nação com pulso firme, talvez tenha sido mesmo. Mas, em contraponto, foi Getúlio Vargas quem deu ao país as bases para o fortalecimento econômico, como as leis trabalhistas, carteira profissional, férias remuneradas, mais poder aquisitivo ao trabalhador, colocou o capital para circular.

Tem mais: criou a Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce, a Hidrelétrica do Vale de São Francisco, Eletrobras, Petrobras e BNDES. Com a campanha “O petróleo é nosso”, evitou entregar as riquezas do país para as multinacionais estrangeiras.

Enfim, tudo ia muito bem, apesar de altos e baixos, até comparecer  para governar o país um bando de gente esquisita, com ideologias às avessas, projeto político para longos anos. E para alcançar seus objetivos, quebrou a Petrobras, até então uma das maiores e mais sólidas empresas de petróleo do mundo. Quebrou os Correios. Em vez de criar empregos, passou a distribuir migalhas aos miseráveis, para tê-los no cabresto. Em vez de investir no ensino básico e secundário, para que todos os estudantes, tanto negros como brancos, cheguem ao curso superior em pé de igualdade, criou-se as cotas. O nível intelectual do país despenca a cada ano. Mas não adianta ter diploma. Quem não tem competência não arranja emprego.

O governo até que se esforça para implantar as políticas que vão colocar o Brasil nos píncaros da glória entre as nações, mas o Congresso, o Supremo e o corona lutam com voracidade para que país se atole no fundo do poço, em meio à lama que eles mesmo produzem. Com isso, as comemorações dos 198 anos da Independência estão seriamente comprometidas. É uma pena que seja assim! 

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