Mimimi
Preto no Branco
Mimimi
Termo da moda, que não sai da boca de muitos políticos ‒ principalmente quando não engolem algumas verdades escritas ou comentadas profissionais da comunicação a respeito de um assunto que eles estejam envolvidos. Comum também ao rebater reportagens nas quais eles são citados. Ao serem questionados sobre o assunto, a resposta é sempre a mesma: “Não passa de mimimi”. Mas será mesmo? Ou não seria a dificuldade de aceitar críticas, sejam elas positivas ou negativas? Pessoas que se julgam donas da verdade, mas se esquecem que, desde quando decidiram ocupar um cargo público e representar milhares de pessoas, têm obrigação, sim, de levar uma vida de acordo com a função que ocupam e prestar contas. Talvez, boa parte não saiba que mimimi significa lamúrias e reclamações consideradas injustificadas, porém, o que importa? O que vale é seguir a moda. O que não é novidade, visto que a maioria só fala “abobrinha”, mostrando a cada ação um despreparo total. No entanto, enquanto estiverem nos cargos, pagos e muito bem pelo povo, é melhor “aceitar, que dói menos”.
Pelos cotovelos
Para não dizer por outros lugares. Geralmente a frase que se refere a quem perde tempo abrindo a boca é “fala pelos cotovelos”. Se tornou bem conhecida em todos os meios e nunca vi se encaixar tão perfeitamente assim em todos os meios políticos. Do menor município, onde tem eleições, à nossa “mágica” capital federal. A Câmara de Divinópolis que o diga. É incrível tanta bobagem e comentários completamente sem noção que se ouve a cada reunião. Isso sem falar dos vídeos e ações que são feitos fora da Casa Legislativa. Aí se entra na mesma situação do mimimi. Completamente alheios ao que estão fazendo ali, não aceitam sugestões nem mesmo das assessorias política e de comunicação, que são contratadas para isso. E o pior de tudo isso não é constatar esta realidade, mas é ter certeza que, nas próximas eleições, o povo que, como eles, vive em Marte, elege as mesmas pessoas. Então, fica a pergunta: qual a expectativa de melhora neste país, onde quem deveria “dar um basta” contribui para as aberrações?
Ladrão, vagabundo
Não é uma briga entre rivais do crime, nem mesmo uma ocorrência policial, acredite. É o linguajar da CPI da Covid-19 no Senado. Ao assistir alguns trechos da discussão, não sabia se ria, se ficava em estado de choque, se chorava. O que é aquilo? Espetáculo esdrúxulo, teatro armado, sanatório… Tudo, menos um ambiente político, onde deveria se ter, no mínimo, respeito. Mas, exigir isso de um local que tem mais investigado do que lista da Polícia Civil, já é querer demais. Não se sabe quem é pior: os que lá estão investigando ou os investigados. É notório que não pode sair nada que presta ‒ e o fim será como todos já sabem de cor e salteado. Em nada.
Acima do teto
Para completar o “cabaré”, portaria do Ministério da Economia quer enfiar goela abaixo que aposentados na ativa recebam acima do teto de R$ 39 mil. A medida beneficia diretamente os ministros militares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e ele próprio, que terá um aumento de R$ 2,3 mil e passará a receber R$ 41.544 por mês. Mas tem gente que vai embolsar muito mais. O vice-presidente Hamilton Mourão, por exemplo, receberá um total de R$ 63.511, R$ 24 mil mensais a mais. Já o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, com a incorporação de R$ 27 mil, terá seu salário elevado para R$ 66,4 mil, um acréscimo de 69%. É isso mesmo? Ué, o Brasil não está comprometido economicamente, não se tem dinheiro para o auxílio emergencial e ajudar as empresas da forma que elas precisavam? Tanta gente passando fome, vivendo de ajuda, ter que aceitar isso, é realmente brincar com a cara da população.
Abate-teto?
Na justificativa do documento, o governo federal diz que “está apenas adequando-se à decisão do Supremo, respaldada pelo Tribunal de Contas da União (TCU)” para mudar a forma de cálculo das remunerações de servidores aposentados e de militares da reserva que têm vencimentos somados acima do teto do funcionalismo, de R$ 39,2 mil, e estavam sujeitos ao abate-teto ‒ que desconta o valor excedente. Fala ainda que a decisão do STF determina que servidores que acumulam cargos efetivos (com permissão constitucional, como professores e médicos) não podem ficar sem receber a remuneração integral, dentro do teto, por cada serviço prestado. Só faltou comparar o valor que os professores recebem com os deles. Em um país em que os responsáveis por formar tantos profissionais não têm o valor que merecem, não dá para esperar outra coisa.