Menos muros

Editorial

Menos muros e mais amor. É só disso que o mundo precisa para evoluir. A fórmula é simples: empatia. Ser capaz de se colocar no lugar do outro. O mundo anda cheio de maus sentimentos, de pessoas individualistas e de egos aflorados. E não! Não é este o caminho que deve ser seguido se quisermos mudar alguma coisa. Mahatma Gandhi disse uma vez que nós devemos ser a mudança que tanto queremos ver no mundo. E é verdade. Para mudar o mundo, o sistema, é preciso um simples gesto. É necessária uma simples mudança no comportamento. Afinal, dizem por aí que pequenos atos geram grandes efeitos. Talvez seja verdade. Estamos tão acostumados ao ruim, aos assassinatos, à corrupção, às traições, desejamos tanto o mal do outro (mesmo que involuntariamente) que nos perdemos, perdemos a nossa essência. E neste labirinto, que não nos leva a lugar nenhum, o contraditório aconteceu: coisas boas estão virando notícia, pois é raro ver atitudes que aquecem o coração do próximo. É raro ver atitudes honestas.

Talvez a notícia boa da semana seja a instalação de uma gangorra na fronteira entre Estados Unidos e México. Dois professores da Universidade da Califórnia colocaram o brinquedo para que crianças dos dois países possam brincar juntas. Um ato tão pequeno, mas que teve um impacto imensurável. Pois, quem sabe, essa possa ser a chave da maioria dos problemas do mundo: ter empatia. Se analisarmos com frieza a nossa “evolução”, nascemos sem preconceitos, sem ódio, sem raiva, sem guerras, mas nos perdemos dos bons sentimentos no meio deste caminho, nos perdemos da nossa essência, de quem somos, e em nome do quê? Em nome de quem? Esta semana, uma pequena atitude de dois professores marcou, e marcará ao longo dos anos, a vida dessas crianças, que vivem no fogo cruzado. Talvez, esta tenha sido a mudança que eles tanto queriam ver no mundo. E, talvez, este seja o nosso aprendizado.

 O Brasil vive momentos obscuros, momentos tenebrosos. Muros invisíveis foram erguidos por todas as partes em nome da política. A empatia quase não existe mais. Por um lado, os brasileiros estão machucados, estão calejados, estão traídos e desacreditados de um país que já foi tão bonito e unido um dia. O ódio levou o povo a fazer escolhas duvidosas. O ódio muitas vezes leva os brasileiros a defender aquilo que eles nem acreditam, aquilo que nem faz parte deles. Mas, talvez por terem sido tão machucados, alguns acreditam que a única forma de mostrar que ainda existem, e que ainda estão no jogo, seja defender aquilo que nem eles mesmos sabem o que é e o que significa. Estamos no meio do abismo. Estamos atravessando o vale da sombra da morte e, quem sabe, a única maneira de nos mantermos sóbrios seja nos enchermos de amor, de esperança e nos esforçamos para derrubar estes muros invisíveis. Porque, no fim de tudo, a lição aprendida foi que o ódio não nos levou a nada. O ódio a um partido, a uma pessoa, só nós fez acreditar que a mudança tinha chegado, mas não!

Estamos no abismo e precisamos agora, mais do que nunca, de amor, para que tudo volte ao normal e os muros sejam destruídos.

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