Mania de comparação

Talyta Silva 

“Quanto mais maduros, menos ofendidos ficamos. Quanto mais satisfeitos, menos comparações fazemos. Quanto mais amados, menos afirmação precisamos.” (Zoe Lilly)

Do latim in-videre, significa olhar com maus olhos, projetar sobre o outro um olhar malicioso. Traduzindo para linguagem atual, tem o significado de viver em ressentimento ao presenciar a felicidade, prosperidade e sucesso dos outros, considerar-se excluído “injustamente” do ter e ser, caso já tenha, afirma o usufruto exclusivo.

 Em muitas situações, o hábito da comparação pode ser algo bem produtivo, mas, em outras, a comparação pode provocar o declínio da autoestima.

Quando estiver traçando metas e precisa identificar o que gostaria e o que não gostaria para si mesmo, a comparação pode ajudar a perceber ganhos que seriam interessantes – isto motivaria a pessoa a se engajar no processo de busca destas características desejadas.

Uma vez me fizeram esta pergunta: “Se tem uma coisa que me deixa muito chateado é ver que todos da minha família têm um excelente emprego, o meu serviço não é nada interessante comparado com eles. O colega que trabalha na sala ao lado já foi promovido, e eu ainda na mesma desde que eu entrei. Nunca tive uma namorada bonita, nota 10, como outros caras têm. O que posso fazer para ser como as outras pessoas?”.

Considero interessante fazer algo que ajude a parar de se comparar. No que ajuda quando você se compara com seus irmãos, com colegas do trabalho, da escola e até no que se refere às namoradas, parece que você só paqueraria alguém se ela fosse a nota 10 que você mencionou? Eu penso se seria possível alguém atingir essa nota 10. Enquanto você estiver esperando uma miss ou um príncipe para se casar, você pode não dar chance de conhecer pessoas reais.

Nossa vida pode ser feita de referências, cada decisão pode envolver uma comparação. Mas, quando passamos a nos comparar com outras pessoas, teremos o risco de entrar em um jogo perdido. Eu penso se esta mania de comparação não seria algo próximo da inveja.

O problema está nas comparações que envolvem a sua identidade, quem é você, o que você representa no mundo. É possível que, para encontrar nossa própria identidade, acabemos nos comparando com os outros. Mas são as comparações negativas que podem nos fazer sofrer. Algumas pessoas têm o hábito de só se comparar com quem tem mais dinheiro, mais beleza, mais amigos, mais namoradas. Essa pessoa poderá não dar valor ao que ele tem de melhor ao prestar tanta atenção no que o outro tem de bom.

Quando ainda há comparação, é comum encontrar nos pensamento de que “eu deveria ser assim” ou “eu deveria ser diferente” ou “eu deveria ser melhor”. Querer melhorar ou querer evoluir ou querer se desenvolver não é o problema; a dificuldade reside no fato de que isso acaba sendo como um jogo mental. No fim das contas, é um ideal inatingível.

Vivemos rodeados por comparações contínuas que nada mais fazem do que aumentar nossa autoestima ou, por outro lado, afundá-la até limites insuspeitáveis.

Quando comparamos, sempre há alguém que sai perdendo e alguém que sai ganhando. Isso não é positivo, nem para a pessoa que sai ganhando.

Não somos a cópia de ninguém, não podemos nos comparar a ninguém. Cada um é único e especial, e fazer comparações entre nós é uma forma inútil de esperar que sejamos melhores quando realmente o que somos é diferentes uns dos outros.

Não se compare a ninguém, mantenha a cabeça erguida e lembre-se: não é melhor e nem pior, simplesmente é você e isso ninguém pode superar.

Ninguém é perfeito: sem dúvidas olhamos para aquela pessoa com a qual nos comparamos (ou nos comparam) de uma forma perfeita, mas não é assim. Essa é uma realidade que sua mente quis criar. Ninguém é perfeito, muito menos você. E essa é a prova de perfeição mais bonita. Você é único!!!

Talyta Silva é psicóloga cognitiva

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