Mais que palavras - ‘Traidor’

 

Olá! Não sei se tem causado espanto a você a forma e a intensidade dos frequentes escândalos públicos envolvendo pessoas que se declaram piedosas e seguidoras de Jesus Cristo. A mim, porém, não causa espanto, nem surpresa, pois vejo tais situações com o olhar de quem confia nas palavras do Messias, que profetizou: “... porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem escândalo vem!” (Mateus 18.7). Logo, não me é surpresa que as profecias de Jesus se cumpram. E se cumprirão todas!

Não é surpresa para quem conhece as Escrituras, bem como não foi surpresa para o próprio Jesus o fato de que era seguido por alguém que se declarava discípulo, fiel seguidor, mas que escondia em seu coração uma paixão por dinheiro e a capacidade de trair o seu Mestre. Não foi surpresa para o Senhor!

Fica bem claro na passagem da última Páscoa (e instituição da ceia) com seus discípulos, por ocasião da Páscoa, quando Jesus disse: “Em verdade vos digo, um dentre vós me trairá” (Mateus 26.21). Jesus se referia ao traidor Judas Iscariotes. A traição de Judas pode ter várias explicações teológicas. Porém, não se pode esconder a definição de ‘traidor’ que repousa sobre ele. Um traidor é um farsante; é um ator mal-intencionado; um indivíduo de duas caras; uma pessoa perigosa, que esconde suas verdadeiras intenções. E tudo isso se aplica a Judas.

Entretanto, chamo atenção para a revelação contida nessa passagem bíblica tão relevante: ‘um traidor estava à mesa da comunhão com Jesus’. Traduzo isso como: ‘A mesa de Jesus tem espaço para traidores’. Isso mesmo! Pessoas que têm algum nível de comunhão com Jesus se assentam em sua mesa, desfrutam de suas bênçãos, mas podem ser traidoras. Porque há espaço na mesa de Jesus para traidores!

Percebo algumas questões aqui. Primeiro, percebo que Jesus nunca se iludiu quanto à capacidade humana de praticar o bem e o mal. Quando o Senhor revelou saber da presença do traidor, ele não o fez de forma surpresa. Jesus não foi pego de surpresa com o conhecimento do coração de Judas. O Senhor Jesus nunca gerou expectativas utópicas e falsas sobre a índole humana, sua capacidade de forjar, falsificar, enganar, ludibriar e coisas semelhantes a estas, que são possíveis ao ser humano.

Outro ponto que percebo na revelação de Jesus à mesa com seus discípulos é que ele nunca gerou em seus seguidores o sentimento de que devessem ter expectativas falsas sobre aqueles que seriam chamados de cristãos (seguidores de Jesus). O Senhor não alimentou essa expectativa em nenhum de seus discípulos. Antes, alertou sobre a presença de lobos disfarçados de ovelhas, falsos profetas, falsos mestres, falsos discípulos. Ouso dizer que essa utopia de cristãos prefeitos é fruto do imaginário coletivo, não da orientação bíblica.

Quando ligo a TV no noticiário e mais uma vez a notícia é o escândalo comportamental de cristãos declarados ou até líderes cristãos, fico sentido por todos os fiéis que viam esse farsante como referência. Posso dizer que sofro com a igreja. Sofro a dor da igreja em sua jornada de fé, já grandemente atribulada. Quanto mais um dito cristão é razão de escândalo público. Quando mais um dito cristão, sem pensar no mal que provocará em todos os que creem em Deus, pisa na bola, dá mau exemplo, então me entristeço pelo estrago (muitas vezes irreparável). Contudo, não com surpresa, pois sei que as profecias de Jesus hão de cumprir-se.

Tenho apenas um desejo, que não posso realizar: o de relembrar aquilo que os traidores da fé já ouviram das Escrituras sobre as consequências de seus atos. Gostaria de lembrá-los de que cada um dará conta de seus atos diante do Senhor; que Deus não se deixa escarnecer; que todos nós compareceremos diante do Trono Branco e nossos atos serão julgados; e cada um será sentenciado pelo que fez; que nada foge do olhar atento de nosso Deus, que julga o coração e as intenções do homem; de que Deus é onisciente (sabe de todas as coisas); de que a sua justiça cobrará alto preço pelo escândalo causado. Enfim, gostaria de dizer aos traidores, que comem à mesa de Jesus, as palavras do Mestre: “... ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido" (Mateus 26.24). Não posso dizer aos ‘judas de plantão’. Mas posso dizer aos que puderem ouvir. E digo!

Comentários