Mais de 10 mil casos notificados e 4 mortes confirmadas em dois dias

Mesmo com alerta para conscientização, indicadores na cidade continuam a piorar

Da Redação

Mais um dia em Divinópolis, mais mortes anunciadas ‒ e uma família que precisa ser confortada. Esse tem sido o cenário na cidade. A Prefeitura confirmou ontem mais duas por covid-19. Com os casos, o município alcançou a marca de 41 óbitos e chegou também ontem a 10.126 notificações: 1.071 confirmadas ‒ 973 já recuperados ‒ e 443 descartados. Os demais casos não foram testados. Três crianças estão internadas em Centros de Terapia Intensiva (CTI).

Casos

A primeira vítima, um idoso de 60 anos, morreu na última quinta-feira, 29. O paciente, de 60 anos, apresentava obesidade e diabetes, e foi internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Padre Roberto.

A segunda, também um homem, de 73 anos, era portador doença cardiovascular crônica, diabetes, câncer de rins e câncer de próstata. Ele foi hospitalizado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Santa Mônica em 18 de julho e morreu nesta segunda-feira, 31.

Minas

Apesar do aumento nos números, Divinópolis, que é o 12º maior município de Minas Gerais, é apenas a 20ª cidade na lista de óbitos, atrás de Belo Horizonte (1.003 mortes), Uberlândia (406), Contagem (284), Governador Valadares (203), Betim (172), Juiz de Fora (159), Ipatinga (154), Ribeirão das Neves (119), Uberaba (92), Montes Claros (78), Teófilo Otoni (76), Santa Luzia (70), Araguari (65) Timóteo (64), Muriaé (60), Ibirité (53), Coronel Fabriciano (52), Sabará (44) e Unaí (43).

Reunião

Divinópolis vive uma situação delicada. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) foi alertada na última quinta-feira, 28, pelo Estado sobre o perigo de ser rebaixada para a onda vermelha, quando é permitido apenas o funcionamento dos serviços essenciais. 

— Segundo índice utilizado no Minas Consciente, o município marcava 11 pontos e subiu para 15, enquanto a maioria das cidades do estado baixou a pontuação. Se a cidade atingir a marca de 20 pontos, ela retroage para a onda vermelha, permitindo, assim, somente o funcionamento de serviços essenciais — comunicou a Prefeitura.

Para tentar frear o avanço da covid-19 na cidade, representantes da Prefeitura se reuniram nesta terça-feira, 1º, com entidades de classe e presidentes de associações comerciais para discutir o atual cenário. Conforme destacou o Executivo, “o intuito foi debater medidas que possam ser tomadas em conjunto, para que Divinópolis não passe a integrar a onda vermelha do programa estadual Minas Consciente”.

Participaram da reunião membros das secretarias municipais de Saúde, Governo, Desenvolvimento Econômico, o procurador-adjunto, o secretário de Esporte, a diretora de Urgência e Emergência, vereadores, o líder do Governo e representante da Câmara de Vereadores no Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus,  além da Câmara de Dirigentes Lojistas de Divinópolis (CDL), Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços de Divinópolis (Acid),  Sindicato dos Contabilistas, Sindicato do Comércio (SinComércio), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Polícia Militar de Minas Gerais.

Durante o encontro, foram discutidas novas formas de conter a disseminação da covid-19, “a fim de evitar maior sofrimento da população e também que Divinópolis precise retroagir nas flexibilizações”, informou a Prefeitura.

Ao fim da reunião, informou, ficou definido que não haverá mais notificações para orientação e educativa. 

— As fiscalizações continuarão intensificadas e executarão ações punitivas, com possibilidade até de suspensão de alvarás, para aqueles que estejam descumprindo as regras — destacou o Executivo.

Uma força-tarefa com a Polícia Militar (PM) e os fiscais da Prefeitura foi formada ontem para reforçar as ações de vigilância sanitária e, caso necessário, interditar o estabelecimento.

Uma das preocupações, por exemplo, é o fato de Divinópolis também ser referência em saúde para a região.

— Nos últimos dias, o número de casos e mortes cresceu de maneira rápida e significativa no município. Desde domingo, 30, a cidade registrou sete novos óbitos decorrentes da doença. O índice de contaminação, que calcula a quantidade média de pessoas que cada contaminado vem a infectar, está em 1.17; o recomendável é 0.8 — detalhou.

Foram realizadas reuniões também com os representantes das academias e clubes sociais.

O que pode fazer?

Questionada pelo Agora, a Prefeitura esclareceu, por meio da diretora da Vigilância em Saúde, Janice Soares, algumas dúvidas sobre o assunto. Segundo ela, o Município não pode impedir o funcionamento dos setores autorizados pelo Minas Consciente, mas tem permissão para criar regras mais rígidas para proteger a população, como reduzir o horário de funcionamento.

— A Prefeitura pode alterar os protocolos, mas não pode restringir as atividades do setor — explicou.

A diretora ainda informou que a secretaria se reúne, todas as quintas-feiras, com o comitê estadual para a atualização dos dados epidemiológicos do município, para determinar a mudança ou permanência na onda atual. Assim, as cidades podem escolher por entrarem na onda em que a cidade se encontra ou adotar a da microrregião. No caso de Divinópolis, ambas são amarelas.

Respiradores

A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) distribuiu 1.600 ventiladores pulmonares em todo o estado. Dos quase 150 destinados ao Centro-Oeste, 35 são para Divinópolis e foram entregues ontem. Conforme informações, 25 vão para a UPA e dez para o Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).

— Na última semana, a Fiemg entregou 1.600 equipamentos ao governo de Minas, que serão distribuídos a hospitais e municípios, respeitando critérios técnicos da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e considerando o diálogo com as prefeituras. Para o Centro-Oeste de Minas serão destinados quase 150 respiradores — comunicou a federação na última semana.

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