Mãe presencia abuso de filha e continua com parceiro em Divinópolis

Investigações começaram em maio; mulher não acreditava na filha

Rafael Camargos

Parece a mesma reportagem publicada há cerca de duas semanas, neste mesmo espaço, mas somente os personagens e as características são semelhantes. Um homem de 40 anos foi preso, ontem, suspeito de abusar sexualmente da própria enteada de 14 anos. Ele mantinha relações sexuais com a adolescente há aproximadamente um ano, e o pior: dentro de casa. A mãe da menina de 38 anos, em princípio não acreditava nos relatos da filha até presenciar um dos abusos, mas mesmo assim, continuou com o homem. Este é o segundo caso de abuso entre padrasto e enteada solucionado pela Polícia Civil (PC) em menos de duas semanas. A delegacia recebe em média 15 casos de estupro de vulnerável por mês. 

O suspeito foi encaminhado para o presídio Floramar e responderá assim como a mãe pelo crime de estupro de vulnerável. A pena varia entre 8 e 10 anos de reclusão.

Caso

De acordo com a delegada responsável pelo caso, Maria Gorete Rios, a menina relatou o caso para a diretora da escola em que ela estudava, e foi a diretora que acionou o Conselho Tutelar.  

— Segundo a vítima, o primeiro abuso foi no quarto e na sala. O conselho foi acionado pela diretora da escola, que a trouxe na delegacia, onde foi feito o exame de corpo de delito, assim abrimos o inquérito — contou a delegada. 

Ela continuou explicando que o crime é de ação pública incondicionado.  

— Na época ela era menor de 14 anos, e a lei nem exigiria a violência real, ou uma violência grave tendo em vista que ela é uma pessoa vulnerável — relatou. 
Segundo a vítima, o abusador dava remédios para a mãe dela dormir e assim ficava tranquilo cometer os abusos. A delegada explicou que, em depoimento, a menina contou que depois do primeiro abuso, o ato se tornou frequente.  

— Os abusos ocorriam dia sim, dia não por quase um ano — frisou a delegada.

Mãe viu

Durante um dos abusos sexuais, a mãe da menina chegou  no momento em que o padrasto cometia o ato. Segundo Gorete Rios, a mulher relatou em depoimento que ao chegar na casa, viu a filha e o homem debaixo das cobertas. O parceiro estava sem a parte de cima das roupas.  
A delegada revelou que ela ainda o questionou e ele confessou o abuso. Mesmo assim, ela continuou com ele.  

— A mãe disse na delegacia que a filha tem um comportamento difícil e que não acreditava em princípio.  Depois, ela viu parte deste abuso e perguntou para o agressor que é o companheiro dela, se realmente ele havia abusado da menina e, segundo a mãe, ele confessou que havia abusado, mas que iria mudar — completou.

Crime

Assim como o padrasto, a mãe foi indiciada por ser cúmplice do crime, mesmo porque, segundo a delegada, ela tinha a obrigação de revelar o fato à polícia, o que não fez.  

— Ela não preservou a filha dos abusos que vinha sofrendo dentro de casa — falou. 

O suspeito negou todas as acusações e já se tornou réu no processo. Ele irá responder na justiça. A adolescente mora  com a avó paterna, atualmente.

Outros casos

Há cerca de duas semanas, a polícia solucionou outro caso na cidade. Um homem de 38 anos, suspeito de abusar sexualmente da enteada, desde que ela tinha três anos de idade. As investigações começaram em setembro de 2016, quando a adolescente e a avó foram à delegacia relatar os abusos sofridos. O acusado Herley dos Reis Gonçalves, que estava foragido desde então, foi encontrado pelos investigadores em Marilândia, distrito de Itapecerica, enquanto trabalhava em uma carvoaria. 

Maria Gorete explica que o abuso sexual da criança começa muito lentamente e, normalmente, o abusador utiliza de artifícios para conquistar a vítima. 

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