Mãe empurra cadeira de rodas em estrada sem calçada para filho estudar

 Maria Tereza Oliveira

Luiz Henrique Pereira da Silva, de 30 anos, enfrenta praticamente uma “romaria” para chegar ao Instituto Helena Antipoff. Sua mãe, Cleonice Pereira Rodrigues Gomes, revelou à reportagem as dificuldades de levar todos os dias o filho cadeirante até o ponto em que a van o pega.

São 700 metros empurrando a cadeira de rodas, faça chuva ou faça sol, até a rodovia. Os dois moram no bairro Lagoa dos Mandarins e, conforme revelou Cleonice, dependendo das condições climáticas, a dificuldade impede que Luiz vá ao instituto onde estuda.

De acordo com a mãe de Luiz, mesmo tendo procurado a Prefeitura e relatado a situação, ela não conseguiu solucionar o problema.

— Não me sugeriram nada. Simplesmente me informaram que não têm condições de disponibilizar um veículo para buscá-lo e nem mudar o trajeto da van para mais perto de casa — lamentou.

Vaga comprometida

De acordo com Cleonice, seu maior medo é que seu filho perca a vaga no instituto.

— No dia em que o Luiz não consegue ir, os horários de atendimento dele ficam vagos. As funcionárias me ligam e me alertam que isso pode fazê-lo perder a vaga. Eu escuto isso e não posso fazer nada, infelizmente. Como vou andar essa distância empurrando cadeira de rodas debaixo de um temporal? — destacou.

A mãe revela que lutou muito pela vaga do filho e que ele ficou cinco anos fora da instituição esperando uma oportunidade.

— Eu sempre corri atrás de uma vaga para ele, pois lá tem tudo o que ele precisa: fisioterapeuta, dentista, neurologista — justifica.

Além dos problemas com o clima, Cleonice relata outros obstáculos que dificultam a situação.

— Em alguns dias eu busco o Luiz às 18h30 e já está tudo escuro. Outro dia quase que uma cobra me pica. Porque há mato dos dois lados, não tem calçada e eu fico disputando espaço com os carros — lamentou.

Assunto na Câmara

Durante a reunião da Câmara de ontem, a vereadora Janete Aparecida (PSD), que há semanas vem fazendo reclamações sobre transporte escolar em seus pronunciamentos, comentou o caso.

A vereadora, além de falar sobre o assunto, revelou que procurou a Prefeitura para tentar solucionar a situação.

— A Secretaria de Educação é a responsável pela parte de transporte. De acordo com a pasta, não há condições de entrar na Lagoa do Mandarins. Eu não vejo assim, por isso, repassei a denúncia para a Comissão em Defesa da Pessoa com Deficiência para que seja apurado — afirmou.

Além disso, Janete disse estar olhando outras alternativas.

 — A Secretaria também deu a opção de arcar com passagens de ônibus para a mãe levar e trazer o filho da rodovia para a casa. Mas não faz sentido isso, já que os veículos que fazem a linha em questão estão com os elevadores estragados. Como vai oferecer um serviço que não existe? — criticou.

Aparecida também lembrou a situação de estudantes do ensino médio que moram em bairros afastados de escolas e não têm transporte.

— Há alunos que são obrigados a largar a escola por causa da dificuldade. Eu já procurei o deputado Cleitinho Azevedo (Cidadania) para marcar o mais rápido possível uma reunião com o Governo de Minas. Precisamos fazer um convênio, pois, segundo a Prefeitura, se isso for feito, é possível fazer o transporte destas crianças — salientou.

Sem resposta

O Agora procurou a Prefeitura para saber seu posicionamento sobre o assunto. Todavia, até o fechamento da reportagem, às 20h, não houve resposta.

 

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