Machismo que mata: PC investiga feminicídio

1º caso do ano teria como motivação negativa da vítima em manter relação sexual com o então companheiro

Maria Tereza Oliveira

Quase uma por dia. Precisamente 311 medidas protetivas já foram lavradas neste ano pela Polícia Civil (PC) em Divinópolis para mulheres vítimas de violência doméstica. O caso de feminicídio da jovem Janaína Figueredo, de 23 anos, assassinada na madrugada do último domingo, 22, pelo companheiro, um ano mais velho, fomentou o debate a respeito das agressões presentes nos lares divinopolitanos. Esse foi o primeiro caso de feminicídio registrado na cidade em 2019. A PC ainda apura a motivação do crime, mas, apesar disso, a hipótese principal está ligada à negativa da vítima de manter relações sexuais com o suspeito. O cenário do crime aponta para a brutalidade da ação. Além de sangue espalhado por todo o quarto, pelo menos duas facas, sendo que uma chegou a ser entortada, e uma tesoura estão presentes na cena de horror.

Durante todo o ano, a PC apontou a queda de ocorrências de violência doméstica na cidade. Campanhas com o intuito de conscientizar as vítimas de violência doméstica a denunciar os agressores são constantes. Ao Agora, o delegado Marco Antônio Noronha, responsável pela apuração do recente feminicídio, alertou para a importância da denúncia.

Aquela mulher que se sentir vulnerável ou sob ameaça do companheiro, não deixe de comparecer à delegacia para formalizar uma queixa. Com isso, será possível emitir uma medida protetiva, que tem sido eficaz em nossa comarca — aconselhou.

Feminicídio

Após matar a parceira, o suspeito teria tentado tirar a própria vida. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou à cena do crime por volta das 4h40. Janaína já estava morta, mas seu companheiro, inconsciente, foi socorrido e encaminhado para a Sala Vermelha do Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD).

Poder da denúncia

A aposta da PC em Divinópolis para reduzir o número de fatalidades decorrentes do machismo está na denúncia por parte das vítimas. As medidas protetivas na cidade têm se destacado, segundo a polícia, tanto pela celeridade das emissões quanto pela eficácia das medidas. Neste ano, até o momento, foram emitidas 311, quase uma por dia.

O caso do fim de semana choca pela brutalidade e pelo motivo torpe – caso a hipótese sexual seja comprovada. No Brasil, milhares de mulheres são estupradas pelos próprios companheiros e se calam sobre essa violência.

À reportagem, a Polícia Civil, apesar de não especificar os números, revelou que há casos de estupro marital.

É raro mulheres que vem à delegacia denunciar apenas este tipo de violência por parte de companheiros, mas quando elas chegam ao ponto de denunciar outras agressões elas contam tudo. Inclusive, relatam estupros — explicou.

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