Luta na Amazônia

Cesar Vanucci

Cobiça estrangeira e devastação florestal. Na atilada percepção da sociedade brasileira são duas questões candentes que comportam ser enfrentadas, a um só tempo, com máxima disposição e destemor. 

Minimizar a gravidade da ação predatória fora de controle detectada no fabuloso bioma amazônico, atribuindo a divulgação persistente sobre o que vem acontecendo exclusivamente a grupos que, lá fora, promovem permanentemente articulações no sentido de obter acesso livre para explorá-las a bel-prazer, as prodigiosas riquezas dos dadivosos solo e subsolo, não representa, de maneira alguma, a verdade fatual. É certo, absolutamente certo – não há como negar – que grupos e personagens influentes, das mais diferentes nacionalidades, ora dissimuladamente, ora às escancaras, defendem a estapafúrdia tese de que a Amazônia é região a ser internacionalizada. No momento presente, esses setores se mostram mais alvoroçados que de costume, em seus destemperos verbais, por causa justamente do volume mais intenso, escorado em recordes históricos, das queimadas despropositadas nos principais biomas de nosso país.

Cabe, obviamente, ao Governo brasileiro tomar a si a responsabilidade de repelir, com toda a veemência, de conformidade com o sentimento nacional, quaisquer ações oriundas de tais grupos e personagens, que, agora e sempre, atentem contra nossa soberania. A Amazônia é brasileira e os problemas a ela atinentes dizem respeito tão somente à Nação brasileira. 

A atitude de repulsa do Brasil a qualquer intromissão terá que levar em conta, naturalmente, outros aspectos. Por exemplo: que história mais insana é essa de cartilhas escolares, em alguns países ditos amigos, como já foi insistentemente denunciado, apontarem o território amazônico como zona regida por organismos internacionais, e não parte indesvinculável de nossa pátria? Que história mais adoidada é essa de revistas de quadrinhos mostrarem o “famoso” Capitão Marvel usando seus “poderes miraculosos” para “proteger” a Amazônia de “marginais brasileiros” que estariam a “invadi-la” com o fito de se “apoderarem” de suas riquezas?

Chegamos, assim, nestas considerações, a uma clara constatação. Devastação florestal e olho gordo estrangeiro na Amazônia são situações com características distintas. 

O desserviço que a predação florestal acarreta é tremendo. Das fragilidades que deixamos à mostra no combate aos abusos ininterruptos cometidos, nossos inimigos, embuçados ou não, se prevalecem a mancheia para lesionar a imagem brasileira, para prejudicar interesses econômicos brasileiros em suas vinculações com o resto do mundo. 

A conjugação de vontades políticas com as dos demais segmentos da sociedade é reclamada para constantes e infatigáveis esforços em duas frentes de luta: a da criminosa destruição florestal e a das insidiosas e solertes manobras dos grupos que contemplam a Amazônia com gula colonial.



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