Líder de Galileu na Câmara ataca associação de advogados

Pollyanna Martins 

O líder do governo na Câmara, Rodrigo Kaboja (PSD), atacou a Associação dos Advogados do Centro-Oeste de Minas (AACO) em pronunciamento na reunião ordinária de ontem. No início de seu discurso, o vereador disse que nas duas últimas semanas o “mundo político em Divinópolis” só tem um assunto em pauta: a gravação apresentada por Marcelo Máximo de Morais, mais conhecido como Marcelo, Marreco, ex-aliado do prefeito Galileu Machado (MDB). Kaboja tenta apresentar outra ordem dos fatos e afirma que, durante as supostas ligações, Marreco solicita ao prefeito um cargo na Prefeitura.

Ouça a conversa que Marcelo Máximo afirma ter gravado com Galileu
 

Sobre as gravações, o vereador se limitou a dizer isto e, logo em seguida, afirmou que mais grave do que as denúncias feitas pelo ex-aliado de Galileu é o pedido de cassação do prefeito que será feito pela AACO. A informação foi divulgada com exclusividade pelo Agora na última sexta-feira, 4. O jornal procurou o presidente da Comissão de Direito Administrativo e Constitucional da Associação, Jarbas Lacerda, que confirmou a informação e detalhou como será o processo.

Kaboja disse, em seu pronunciamento, que é de fundamental importância que a sociedade civil organizada se disponibilize a participar das questões políticas de Divinópolis e “que os cidadãos de bem tenham voz”. Reforçou que tal participação deve apresentar contornos de isenção.

— Mas é fundamental que esta intenção de participação apresente contornos de isenção, de real interesse do bem estar da nossa comunidade. De colaboração com a busca da elucidação da verdade — afirma.

O parlamentar deu a entender que a AACO quis se promover com o pedido de cassação do prefeito, que será protocolado nos próximos dias. O líder do governo afirmou que, antes de qualquer gesto, a associação teria procurado a imprensa para divulgar o pedido de cassação de Galileu.

— Isso me parece uma tentativa de primeiro vender à população uma condenação do prefeito Galileu Teixeira Machado, para depois apresentar formalmente o pedido para análise de um possível cabimento de um procedimento de impedimento — pondera.

O parlamentar disse ainda que se sentirá totalmente desolado se a AACO optar pelo caminho que ele chamou de “espetáculo” e de “vender crise”. Kaboja afirmou ainda estar preocupado como os fatos começaram e que, em nenhum momento, a associação se preocupou com a integridade das gravações apresentadas por Marcelo Marreco.

— Em nenhum momento, eu consigo perceber que vocês que tanto falam de moralidade, de lealdade processual, de devido processo legal, não tenham sequer cogitado a hipótese de, antes de qualquer medida espalhafatosa, como foi ir a imprensa, certificarem-se se aquela gravação não tenha sido manipulada, como imagina-se que possa ter sido — ressalta.

‘Homem honesto’

 O líder do governo questionou também se era correto a Associação dos Advogados colocar em “xeque” a honestidade do prefeito e, mais uma vez, tentou desqualificar as gravações divulgadas pelo ex-aliado de Galileu, afirmando que elas podem estar manipuladas. De acordo com Kaboja, a AACO estaria dando crédito para o que ele definiu como “extorsão”.

— É certo associação dar crédito para aquilo que eu chamo de extorsão? E que está se repetindo agora, no terceiro mandato consecutivo de um prefeito em nossa cidade. Eu quero muito acreditar que a atitude que nos foi revelada apenas pela imprensa seja legítima. Um anseio verdadeiro da sociedade e não um simples alinhamento com os interesses de uma oposição de dentro de casa, que não se cansa de plantar crises, de semear mentiras, de apunhalar pelas costas, uma oposição indigna das pessoas que lhe confiaram o direito de representá-las aqui — detalha.

No final de seu discurso, o parlamentar voltou a pedir que o presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB), acate o pedido de instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os áudios entregues por Marcelo Marreco. Segundo o vereador, a solicitação de avaliação da validade das provas já foi protocolada e está em “análise criteriosa” da mesa diretora da Casa.

— Já disse aqui que a CPI pode ser uma boa oportunidade para que possamos avaliar todos os lados da informação, para que depois seja possível realizar um juízo de valor a respeito do ocorrido. Conhecer de fato quem é quem, e o que pretendem estas pessoas – afirma.

O líder do governo chamou o pedido de cassação de Galileu de “inconformismo de um grupo de poder que se inebria com o perfume dos ricos e desdenha do cheiro das cozinhas dos mais pobres”.

— Desta vez não, será diferente. Venceremos – conclui.

Associação 

A AACO informou em nota que não responderá às críticas feitas por Kaboja em seu discurso, tendo em vista que o próprio parlamentar está sendo citado nas gravações.

— A AACO permanece com o mesmo posicionamento e continuará exercendo seu papel de prezar pelo bem social e pela justiça — finaliza.

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