Letalidade por covid aumenta sete vezes em Divinópolis
Município demorou nove meses para registrar as primeiras 100 mortes e contabiliza o dobro em menos de 90 dias; Prefeitura desmente perdas de vacinas
Bruno Bueno
Março de 2021 se consolidou como o mês com o maior número de mortes em decorrência do coronavírus em Divinópolis. O município registrou, neste período, 51 mortes por covid-19. Até então, o mês com mais óbitos havia sido janeiro, que teve 40 mortes.
Para chegar às primeiras 100 mortes, em 4 de janeiro, foram necessários 270 dias, desde o primeiro óbito confirmado na cidade, em 9 de abril de 2020. Isso significa que, nos primeiros nove meses, Divinópolis registrou 0,37 mortes por dia. Porém, para chegar a 200 óbitos, marca registrada na última segunda, a cidade precisou de apenas 84 dias, o que significa que, neste período, a cidade registrou 1,19 mortes por dia, número sete vezes maior do que no primeiro período estudado.
Histórico
08/03/20 - Primeiro caso confirmado
09/04/20 - Primeira morte
21/09/20 - 50 mortes
04/01/21 - 100 mortes
10/02/21 - 150 mortes
29/03/21 - 200 mortes
Mortes por mês
O Agora também fez um levantamento das mortes por mês no município desde o começo da pandemia.
Março/20 - 0
Abril/20 - 1
Maio/20 - 2
Junho/20 - 10
Julho/20 - 11
Agosto/20 - 18
Setembro/20 - 15
Outubro/20 - 12
Novembro/20 - 10
Dezembro/20 - 22
Janeiro/21 - 40
Fevereiro/21 - 20
Março/21 - 51 (maior)
18 mortes nas últimas 72h
O município confirmou, nas últimas 72 horas, 18 mortes. É, de longe, o maior número de óbitos em três dias consecutivos. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) registrou, ontem à tarde, mais seis mortes em decorrência do coronavírus: quatro homens e duas mulheres.
A primeira é de um homem de 76 anos, hipertenso, cujo óbito ocorreu no último dia 27. Outro homem, de 64 anos, portador de doença cardiovascular crônica, doença neurológica e doença reumática, também foi vítima da doença. Ele morreu no dia 28. O terceiro registro também é um homem, este de 74 anos, portador de pneumopatia crônica. O óbito também ocorreu em 28 de março. A última morte do sexo masculino, de 87 anos, é de um portador de diabetes e Parkinson. Ele morreu nesta terça-feira, 30.
As duas mulheres vitimadas pelo coronavírus também tinham comorbidades. A primeira, de 76 anos, era portadora de doença cardiovascular crônica, diabetes e hipertensão, e morreu no dia 27. Já a segunda tinha 50 anos e era portadora de artrite reumatoide. O óbito foi registrado ontem.
Erro
Em entrevista na tarde de ontem, a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC) explicou que o número alto de mortes se deve a um erro de contabilização do Município, que estava omitindo, involuntariamente, alguns óbitos da cidade. Ela também lamentou os registros.
Perdas de vacina
Na mesma coletiva, a vice-prefeita falou sobre uma possível perda de vacinas no município. Em conjunto com o professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Alexandre Silva, a vice-prefeita desmentiu as acusações de que a Prefeitura teria desperdiçado 1.675 doses.
— Em relação às perdas operacionais, os frascos são multidoses, com 10 doses de 0,5 ml. Porém, em alguns frascos nem sempre é possível atingir as 10 doses de 0,5 ml, ficando um restante que varia de 0,1 a 0,4 ml. A aplicação deve ser feita somente se o restante no frasco for suficiente para uma dose (0,5 ml), já que, segundo o Programa Nacional de Imunização (PNI), não é permitido a mistura de vacina de frascos diferentes para completar a dose de 0,5 ml. Logo, essas sobras de vacina nos frascos devem ser desprezadas — explica.
Janete também enfatizou que o Município teve pouquíssimas perdas técnicas.
— Já aplicamos quase 24 mil doses e tivemos, apenas, 26 perdas técnicas, que são frascos que caíram no chão, seringas inutilizáveis etc. Para resolver o problema das perdas operacionais, a Prefeitura irá comprar agulhas com capacidade menor, a fim de evitar o desperdício — disse.