Laudo contradiz versão do Crevisa sobre cães sacrificados

 

 

Ricardo Welbert

 Veterinários do Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa) de Divinópolis terão de provar ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que os dálmatas encontrados mortos em um freezer foram eutanasiados por eles porque estavam doentes. Esse foi o motivo alegado pelo órgão no dia 21 de março, quando pessoas ligadas à Sociedade Protetora dos Animais de Divinópolis (Spad) fotografaram as carcaças e publicaram as imagens na internet.

O conteúdo viralizou e muitos internautas criticaram o Crevisa, que divulgou nota afirmando que no dia anterior havia recolhido sete cães no bairro Niterói, para castrá-los. A ação, diz, foi parte de um programa de controle da transmissão de leishmaniose visceral.

— Todos os animais encontrados dentro dos freezers do Crevisa são aqueles cujos testes feitos deram positivo para leishmaniose. Os donos assinam autorização para o procedimento.

Ainda segundo o Crevisa, um dos animais estava em estado terminal.

— O cachorro dálmata cuja foto circulou pelas redes sociais foi encontrado abandonado agonizando em um lote na terça-feira e precisou ser eutanasiado. A prática seguiu a legislação vigente e com laudo de médico veterinário. O animal estava caquético, com membros traseiros paralisados, miíase (bicheira) nas patas dianteiras, secreção purulenta no corpo e foi levado a pedido da população, que ouviu o choro e os latidos do animal durante a noite de segunda-feira, 19 — explicou o Crevisa.

O coordenador regional das promotorias de Defesa do Meio Ambiente da bacia Alto São Francisco, Leandro Wili, pediu à Polícia Militar de Meio Ambiente que recolhesse os corpos dos animais e os encaminhasse ao Centro Universitário de Formiga (Unifor) para exames laboratoriais.

 Resultados 

Durante audiência pública realizada na noite de anteontem pela Câmara, Wili disse que os veterinários do Crevisa terão de explicar ao MPMG o que ele chama de “divergências graves” encontradas nos laudos do procedimento de eutanásia.

— Tivemos dois casos em que foi constatada a leishmaniose visceral. Mas em outros a doença não foi encontrada — explicou.

O promotor também pretende ouvir os veterinários da Unifor que participaram das análises em laboratório.

Procurado ontem pelo Agora, o Crevisa não respondeu às perguntas feitas sobre a afirmação feita pelo promotor até o fechamento desta reportagem, às 17h40.

 Conduta 

Em 2017 o MPMG propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o objetivo de permitir que a Prefeitura, que administra o Crevisa, aperfeiçoe políticas públicas de controle e manejo de animais.

A diretora de Vigilância em Saúde, Janice Soares, também participou da audiência na Câmara e afirmou que o Crevisa tem reformulado algumas condutas.

— Já tivemos muitos problemas lá e estamos trabalhando para evitá-los. Colocamos propostas que vão favorecer o controle populacional e indiretamente conseguiremos um controle de zoonoses, que é o foco — afirma.

Conforme o Agora informou ontem, o serviço de castração está previsto para ser reativado em junho.

— Começaremos com 100 vagas por mês. A intenção é dobrar essa capacidade gradativamente. Disponibilizaremos a organizações não governamentais, como já ocorreu — pontua.

 

 

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