Lar!

João Carlos Ramos

Lar é raiz e pouco importa a beleza das folhas e dos frutos, pois temos que sempre retornar ao ponto de partida. Alguns há que desafiam, dizendo: irei embora, pois a felicidade está longe.

Casamento é tudo e preciso buscar o prazer em carne estranha e bela! Ledo engano! O lar jamais derrete sua construção dentro da gente e a água do poço nunca secará.

Se tudo der certo lá fora, ele (ou ela) voltará e se der tudo errado (é o mais certo), voltará muito mais cedo, com o rabo entre as pernas...

Lar, principalmente, onde os pais dão exemplo, possui um cheirinho de quero mais e os abraços são poucos, diante do aperto do coração gratificado. A mãe, como guerreira incomparável, sempre procura alegrar os filhos e encorajá-los para a vida e cimentar exemplos em suas mentes férteis. Ela prepara o prato especial do filho ingrato, pois para ela todos são iguais e morarão sempre entre as flores do paraíso de seu imenso coração. O pai trabalha de sol a sol para trazer o pão e perde o sono com o futuro daqueles que ele colocou no mundo. Nunca crescem os “filhos do papai”... Mesmo tonto, ele sabe o que fala quando o assunto é filho, e ai de quem o desprezar! Os irmãos brincam e brigam o dia todo, mas quando um deles adoece, todos adoecem de amor e demonstram um desespero de causa, procurando, em prantos, todas as formas de ajudá-lo. Recordemos do poema MEUS OITO ANOS de Casimiro de Abreu: 

"Oh! que saudades que eu tenho da aurora de minha vida, de minha infância querida que os anos não trazem mais!

Que amor! que sonhos! que flores, naquelas tardes fagueiras, à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais!...".

Quem já teve a felicidade de morar na roça e presenciar a chuva no cerrado como um véu de noiva, enlouquecida, para saciar o amado. Os trovões convidam os fortes para se colocarem de pé, a fim de contemplarem os desafios da vida.

Tudo era lindo para quem possuía os olhos da alma abertos. Aqueles que sofreram a dor eterna do luto, ao perder seus entes queridos, olham hoje aquele banquinho, onde a lembrança dói intensamente e o choro é intenso de saudade. O lar era tudo e agora a fumaça da angústia paira no ar à procura de consolo. Moradores de rua sabem o que significa o doce e antigo lar perdido.

Infelizmente, podemos constatar a loucura das ruas e as montanhas de jovens, descompromissados com a ternura do lar, que vai muita além da simples casa.

A jovem que amava intensamente os pais e foi para longe, acompanhando seu amor, sabe que seu coração ficou em casa, entre o pai e a mãe.

O lar é o ninho dos passarinhos que se fizeram homens, mas precisam urgentemente amar e... Voltar!

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