Justiça social? Onde, quando?

Justiça social? Onde, quando? 

A população de Divinópolis foi surpreendida na última semana com o início da cobrança da taxa de tratamento de esgoto, feita pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Com isso, as contas de água aumentaram 50%. Quem antes pagava, por exemplo, R$ 395,26 por consumo, agora são acrescidos R$ 197,63 só de tarifas, mesmo sem a cidade não ter tratamento de esgoto. A cobrança, óbvio, gerou uma onda de protestos na cidade. A população “botou a boca no trombone” e exigiu que o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) se posicionasse sobre o assunto e buscasse uma solução, afinal, o povo está pagando por um serviço que sequer é prestado. E como dizem “A voz do povo costuma ser a voz de Deus” é claro que, depois de muito barulho, veio a “justificativa” ‒ se é que tem. O Executivo explicou que a cobrança era nada mais do que regulamentada pela Agência Reguladora de Água e Esgoto de Minas Gerais (Arsae). E aí veio mais barulho. 

Foi tanto que o presidente da Arsae, Antônio Claret Jr., gravou um vídeo se posicionando sobre o assunto. Argumentou que a nova política tarifária representou a primeira redução de tarifa da Copasa em quase 60 anos e isso nada mais é do que um trabalho sério, que buscou justiça social. Diante de tal situação, é impossível não relembrar que a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Rio Itapecerica não tem, ao certo, data para início de funcionamento, ou seja, o povo paga por um tratamento que não é feito, mas em nome da “justiça social” a cobrança está lá nas contas de água. Claret falou ainda que 89% dos mineiros pagavam mais caro para outros 11%, entre eles, a população de Divinópolis. Tudo isso até seria justificável, se hoje o Brasil não estivesse enfrentando um cenário social tão deplorável, no qual milhares de famílias lutam diariamente para ter o básico na mesa.  

 

Sem entrar muito nos “pormenores” das obras da ETE, que começaram de verdade quando já deveriam ter sido entregues – em 2016 –, a grande questão é: este é o melhor momento para se fazer justiça social? Justo quando o país enfrenta uma crise econômica, quando a inflação oficial do país subiu, novamente, de 8,45% para 8,51% neste ano, quando o poder de compra do brasileiro diminui a cada dia? Este é mesmo o melhor momento para se buscar “justiça social”? Em busca de uma solução e de amenizar a situação para os divinopolitanos, a Prefeitura de Divinópolis ingressou com ação civil pública contra a Copasa e a Arsae, para tentar barrar o aumento nas contas de água. Isso é o mínimo que o povo merece diante do atual cenário. Afinal, é nítido e notório que nem sempre aquilo que se diz é aquilo que se é de fato, pois aumentar uma conta de água em 50% pode ser tudo, menos justiça social. 

Justiça social é o brasileiro ter direito a comida na mesa, a emprego, a infraestrutura e a pagar por serviços que de fato são prestados. Justiça social é o povo conseguir dormir em paz com suas contas pagas e o armário com comida. Qualquer coisa, além disso, é tudo, menos justiça social. 





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