Justiça Eleitoral contabiliza 26 reclamações de irregularidades em propagandas eleitorais

Candidato condenado em primeira instância sofre nova denúncia por crime de ódio e homofobia no MPE

Paulo Vitor Souza

Divinópolis já registra 26 denúncias por irregularidade eleitorais em campanhas de candidatos a prefeito e vereador. É o que aponta o aplicativo “Pardal”, criado pela Justiça Eleitoral para o recebimento de reclamações sobre possíveis descumprimentos da legislação eleitoral.

Até a tarde de ontem, o aplicativo contabilizava 2.264 denúncias em todo o estado de Minas Gerais. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o intuito do aplicativo é agilizar o trabalho de apuração dos Tribunais Regionais Eleitorais sobre os protocolos abertos pelos denunciantes. Em Minas, as cidades que mais receberam reclamações foram Belo Horizonte, com 225 protocolos abertos; Contagem, 119; Uberlândia, 98; Nova Lima, 90; Ribeirão das Neves, 79; Sabará, 48; João Monlevade, 43; Juiz de Fora, 42; Uberaba, 42; e Vespasiano, 32.

Apesar de Divinópolis não figurar entre os municípios com maior índice de denúncias, dois postulantes ao  cargo de vereador já foram condenados por irregularidades na propaganda eleitoral. Os candidatos Wanderson Divinópolis (PSL) e Paola das Casinhas (MDB) foram condenados em primeira instância por infração eleitoral, com multa de R$ 5 mil para cada. A Justiça entendeu que os dois cometeram o crime de propaganda antecipada. A condenação foi confirmada à reportagem pelo chefe do cartório eleitoral, Cleiton Moreira.

Representação no MPE 

Conhecido pelo discurso radical e por inclusive ter sido preso por desacato, o candidato Wanderson foi alvo de nova representação no Ministério Público Eleitoral (MPE). A denúncia partiu do também candidato à Câmara André Ferreira (PSB). Em seu pedido, o candidato do PSB apresentou possíveis falas de Wanderson que poderão ser enquadradas em crimes eleitorais.

No primeiro argumento, André Ferreira cita vídeo veiculado pelo perfil oficial de Wanderson em que ele profere frase de cunho homofóbico. André também anexa à denúncia a cópia de um comentário feito em uma rede social também pelo perfil oficial de Wanderson. O teor do comentário, segundo a denúncia encaminhada ao MPE, é de ameaça e homofobia.

— O Wanderson é um candidato que já foi condenado pela Justiça Eleitoral e tenho certeza de que será condenado novamente, porém dessa vez vai ser condenado tanto na Justiça Eleitoral como na Justiça Criminal. Nós vamos lutar todos os dias para combater esses discursos de ódio, de preconceito e mostrar que na boa política não existe espaço pra bandido — comenta o autor da denúncia, André Ferreira.

Wanderson Divinópolis é conhecido na cidade pela adesão às redes sociais e discurso contrário aos atuais vereadores. Em uma de suas publicações, o candidato do PSL recolhe um balde de esgoto em um bairro carente da cidade e leva até o Centro Administrativo, onde despeja o material em um dos carros oficiais da Prefeitura.

‘Meus princípios’ 

Procurado pela reportagem, Wanderson respondeu aos questionamentos sobre sua conduta em relação à candidatura.

— Eu acho que crime quem vem cometendo é a Administração Municipal e a atual legislatura. Eles cometem crime que lesam o cidadão todo o dia, como fazer contrato com a Copasa e com a Trancid — disse Wanderson.

A reportagem perguntou sobre o comentário feito pelo perfil oficial dele em que promete passar o carro em um grupo de eleitores. Wanderson negou que tenha feito o comentário.

— Aquele comentário lá não foi eu, não (sic), aquilo lá foi uma edição que fizeram no Photoshop — disse. 

Novamente indagado sobre o comentário, o candidato disse que ficou sabendo posteriormente.

Perguntado também sobre o vídeo em que ele repete novamente discurso de ódio contra homossexuais, o candidato disse: 

— Eu não tenho nada contra opção (sic) sexual de qualquer pessoa, eu acho que qualquer um tem direito de fazer da vida dela o que ela bem entende. O que eu não vou aceitar de forma nenhuma, seja hétero ou homo, é prostituição em via pública. Eu estou agindo de acordo com meus princípios, não para agradar militância seja de quem quer que seja — afirmou.

O Agora perguntou por fim se ele teme impugnação da candidatura ou algum processo criminal devido às falas em campanha. Wanderson afirmou que espera que o eleitor decida na urna. Sobre a condenação no valor de R$ 5 mil, ele diz confiar no Poder Judiciário.

Partido 

A postura eleitoral do candidato do Partido Social Liberal (PSL) desagradou até os comandantes da sigla. Em nota, o PSL afirma ter notificado extrajudicialmente Wanderson.

— O PSL Divinópolis informa que, além de já ter notificado extrajudicialmente o candidato a vereador Wanderson Vitor Aparecido da Silva para que proceda aos atos de sua campanha segundo as diretrizes partidárias, promoverá todas as ações eleitorais, cíveis e criminais pertinentes para reparação dos danos causados à sua imagem, de sua direção e de todos os filiados ao partido — disse Fernando Malta, presidente da comissão provisória do PSL.

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