Juiz que determinou prisão de ex-ministro estudou em Divinópolis

Magistrado defende reforma política ampla e na maneira de se fazer política

 

 

Flávio Flora

O juiz cearense Francisco Eduardo Guimarães Farias, titular da 14ª Vara Federal no Rio Grande do Norte, que determinou a prisão preventiva do ex-ministro Henrique Alves, na última terça-feira, 6, esteve na semana anterior em Divinópolis para visitar sua filha Maria Elvira. Ela reside na cidade com a mãe, a advogada Adriana Ferreira. O magistrado concedeu entrevista ao Jornal Agora e analisou a conjuntura nacional e os níveis de corrupção que desacreditam o meio político brasileiro.

Em 1999, em Divinópolis, Francisco Eduardo fez curso de especialização “lato sensu” em Direito Processual, pela antiga Faculdades Integradas do Oeste de Minas (Fadom), com estudo sobre a “ineficácia da execução fiscal”.

Na conversa com a reportagem, por mais de meia hora, o magistrado se recusou a comentar a Operação Manus, noticiada pela imprensa potiguar, cujos processos correm em segredo de Justiça.

Estão sendo investigados esquemas de propinas para favorecimentos ilícitos das empresas Carioca Engenharia, Odebrecht e OAS, no Rio Grande do Norte, Distrito Federal e Paraná, além de lavagem de dinheiro envolvendo a construção da Arena das Dunas, o estádio de Natal que recebeu jogos da Copa do Mundo de 2014.

Entrevista

Na reprodução de partes autorizadas da conversa, publicada na terça passada, 6, Francisco Farias afirmou que o Brasil vive um “apartheid” político e opinou que o Congresso Nacional “não goza de legitimidade e de respeito perante a sociedade, pois quase todos os seus membros estão sendo investigados ou acusados de envolvimento em corrupção, o que causa um grande dano social.”

— O que se vê, de dois anos para cá, no noticiário em geral, são as articulações desses senhores, em Brasília, apenas tentando livrar a própria pele. O tempo todo o que se vê é isso! — exclamou.

Francisco Farias, mestre e doutor em Direito Constitucional, afirmou que o Brasil precisa é de uma profunda reforma política, “que mude o sistema e a maneira de se fazer política”. Defendeu ainda que a população tenha “a possibilidade de interferir na formação da vontade política”.

— Vivemos um “apartheid” político em nosso Brasil: a sociedade trabalha e produz riqueza, os políticos governam separados da sociedade, que só é chamada de tempos em tempos para escolher quem vai dirigir a coisa pública — ressalta.

Segundo o juiz, “grupos políticos se encastelam longe de todos e se relacionam apenas com alguns poucos empresários com grandes interesses e poderio econômico”.

 

 

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