Jaiminho Martins lista motivos de voto a favor de Temer

Entregar governo a Rodrigo Maia seria ‘trocar seis por cinco’, afirma deputado

Ricardo Welbert

O deputado federal Jaime Martins (PSD) convocou uma coletiva de imprensa na tarde de ontem para detalhar os motivos que o levaram a votar a favor do arquivamento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal (STF).

— Muitas pessoas confundem o impeachment da Dilma com essa votação do Temer. A segunda era a possível concessão de uma mera licença temporária de seis meses. Nesse tempo, o governo seria assumido por um presidente interino [Rodrigo Maia (DEM)]. Diga-se de passagem, alguém cujo histórico não é muito diferente do de Temer. Está entre aqueles citados na operação “Lava Jato”. Então, acho que não estaríamos sequer trocando seis por meia dúvida. Estaríamos trocando seis por cinco — afirmou.

Jaime afirma que conversou com vários prefeitos do Centro-Oeste antes de definir o voto.

— Votei com a consciência tranquila de que, no meu senso de avaliação, era melhor para o Brasil, neste momento. Acho que a melhor maneira de fazer o combate à corrupção e à impunidade é deixar que o presidente Temer seja julgado pelas instâncias de primeiro grau, no caso o juiz Sérgio Moro, e pela justiça federal de São Paulo. Vai demorar um pouco mais, mas não tenho nenhuma dúvida de que vai acabar primeiro — pontuou.

Ainda segundo o deputado, no Supremo os julgamentos são "politizados" e se arrastam por muitos anos. 

Emendas 

Fato bastante criticado pela oposição, a compra de deputados por meio de emendas parlamentares também foi pauta das explicações de Jaime. Ele negou que tenha se encontrado com Temer pouco tempo antes de votar.

— Não houve esse encontro. Eu havia solicitado ao presidente uma agenda há cerca de 60 dias para tratar de dois temas de interesse de Minas Gerais. Um deles é a Lei Kandir, que pode equilibrar as contas do Estado. O outro é o marco regulatório do setor mineral. Entretanto, o presidente marcou pra mim às 17h da véspera do processo. Eu agradeci e disse que não poderia. Ele marcou para 11h30 do dia da votação. Eu disse que infelizmente se eu não podia na véspera, no dia muito menos. Não se trata de desfeita com a grande autoridade que é o presidente, mas não era momento oportuno para nós conversarmos — afirmou.

 Reflexos

 Uma pesquisa feita pela Ibope Inteligência a pedido do movimento contra a corrupção Avaaz detectou que às vésperas da votação 81% dos eleitores defendiam que os deputados aceitassem a denúncia e o peemedebista se tornasse réu por corrupção. Como votou contrário a esse elevado interesse popular, Jaime confirmou que teme um reflexo nas urnas em 2018.

— As urnas são sempre difíceis. Claro que a gente tem preocupação com as questões eleitorais. Nesse momento de escolha difícil, é preciso trabalhar com o que a gente acredita ser o melhor para o Brasil — pontuou.

Os deputados que defenderam o presidente ao votar vêm sendo alvos de críticas na internet. Na avaliação de Jaime Martins, nem todas as manifestações ruins que recebe online são de eleitores.

— O PT fez uma pregação bastante forte nas mídias sociais contra quem votou a favor do arquivamento da denúncia contra Temer. Os interesses econômicos e políticos descobriram o poder das mídias sociais e estão influenciando na opinião pública. Mas a esquerda não quer derrubar o presidente Temer. O que ela deseja é fazer um desgaste político para preparar o "Volta, Lula" no ano que vem — finalizou. 

 

 

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