Isolada mente

Israel Leocádio

Olá! Como vai? Tenho buscado escrever, aqui neste espaço precioso, minhas experiências com o poder das palavras. Em especial, com o poder sobrenatural das palavras registradas na Bíblia (que aprendi a chamar de Sagradas Escrituras). Muitas são as verdades aprendidas convivendo com as Escrituras. Verdades que transformam, que não podem ser guardadas num cofre. Antes, devem ser semeadas. Assim tenho feito. Tenho buscado apresentar o sobrenatural das palavras de Jesus, que são “mais que palavras” – são poder de Deus. Isso mesmo: poder. Que, no grego, significa “dinamite” (dunamis). As palavras têm poder. Lembre-se, foi pela palavra que o mundo veio a existir (Hebreus 11.3).

Esse poder explosivo e criador está à nossa disposição. Por isso, continuo lançando sementes em aparência de letras, que formam palavras. 

Para hoje, escolhi como semente a palavra “acolher”. A palavra “acolher” está no convite de Jesus: “vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). Esta frase de amor de Jesus, se tocada pela luz, reflete, como sombra, a palavra “acolher”. Deus quer acolher. Como isso é significativo em nossos dias! Ele quer trazer para perto, mesmo num momento em que muitos são colocados para longe. Jesus quer acolher o necessitado, doente, aflito, enfermo, quando o mundo quer isolar esse indivíduo. E, curiosamente, pelos mesmos motivos que movem o coração de Jesus para trazer para perto é que o mundo justifica seu comportamento de isolar.

Vivemos o discurso: “não isole”, “não segregue”, quando a situação da saúde orienta o oposto. As pessoas contaminadas ou suspeitas de contaminação são isoladas (é o certo a fazer!). Mundo louco é este. Mundo de contradições. Concordo com o escritor norte americano Gore Vital, que afirmou: “As contradições nos definem e ao mesmo tempo nos desmantelam”. A humanidade discursa bem. Tem argumentos sociais lindos. Mas não tem forças para vivenciar seus discursos. Contudo, me apego ao discurso, desejando vê-lo tornar-se prática. Apego-me, por duas razões: primeiro, é o que o Mestre Jesus oferece ao homem cansado; segundo, porque o isolamento provoca males.

O isolamento por questões de contágio, proteção à saúde da maioria, não é algo novo. No passado, o isolamento ocorria. Mesmo antes de Jesus, algumas enfermidades resultavam em isolamento (os leprosos são um exemplo claro na Bíblia). A sociedade antiga possuía seus guetos de isolamento para leprosos. Isso era necessário. O que geralmente não pensamos é o efeito que isso causa em alguém. Isolar um ser que é definido pela psicologia como “ser psicossocial” é como cortar as asas de um pássaro e tirar sua experiência mais importante, a razão de seu ser, que é voar. Nós, seres humanos, nos realizamos no convívio com outrem. E o isolamento (mesmo por razões inquestionavelmente necessárias) mexe com nossa natureza. O isolamento se faz necessário; porém, uma linha tênue separa o momento que nos obriga ao isolamento e o hábito de isolar. 

O ser humano geralmente rejeita aquilo que não entende. Ignora aquilo que não experimenta. Então, não é de se admirar que a sociedade ainda não tenha percebido o sentido, nem o sentimento da condição de estar em isolamento. 

Imagine, por um instante, o que é ser colocado a distância das pessoas a quem ama. Ser impedido de receber um toque, um abraço. Ficar trancado em uma sala, quarto de hospital ou na residência. Ser visto como uma espécie de recipiente de vírus. Uma ameaça real. Se fizer esse exercício, perceberá o que o isolamento pode causar à mente de alguns. Há quem isolou a própria mente em relação ao outro e vive sua rotina como se nada estivesse acontecendo ao seu redor. Há quem, ao ser condicionado ao isolamento, simplesmente isola-se. Fica tempo demais consigo mesmo. E sofre a solidão com intensidade. Não é simples viver isoladamente (“mente isolada”). Sem atenção, compreensão ou afeto. A pandemia nos revelou isso. Mas os isolados existem há mais tempo. Nas calçadas, debaixo das pontes, nos asilos e abrigos entre outros. É preciso ser forte emocionalmente para não se abater.

Ao refletir sobre tudo isso, eu me senti grato a Jesus Cristo, que se posiciona como alguém que se importa. Que deseja estar perto. Mais do que isso, chama para perto os que estão sozinhos e oferece-lhes amizade, descanso, alívio. Jesus é o companheiro de todas as horas. Alguém com quem você pode sempre contar. Aquele que estará ao seu lado para ouvi-lo. Alguém que não se importa em estar na sala vermelha com alguém; ou na calçada suja. Jesus é aquele que faz companhia para descansar nossa mente. Se você está em isolamento, saiba que nunca esteve só. O Senhor está com você cada dia, o dia todo. Fale com Ele! Certamente, o ouvirá e responderá. Aquele que escolheu acolher não isola!

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