Instituto Mineiro de Agropecuária proíbe prova de laço em Arcos após recomendação do MP
Da Redação
Após uma recomendação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) proibiu a realização de uma prova de laço a bezerro em Arcos, a 100 quilômetros de Divinópolis. O IMA informou que no sábado, 30, fiscalizará o local onde a prova seria realizada para evitar que a determinação seja descumprida.
Segundo o MP estadual, nas provas de laço são utilizados instrumentos e realizadas ações que causam sofrimento aos animais.
— As provas utilizam bezerros com cerca de 40 dias de vida, que são separados das mães precocemente e sofrem agressões físicas e psíquicas desde os momentos anteriores à prova até ao final — diz o órgão.
Conforme apontado pelo MP, ainda no brete o bezerro pode ter sua cauda puxada pelo peão para estimulá-lo a correr, causando diversas lesões internas e dor.
— Uma vez liberado na arena, o animal encontra-se assustado pela situação e corre para tentar fugir de seus perseguidores, o que revela sofrimento mental ou psíquico — explica.
Além disso, acrescenta, a laçada brusca no pescoço do animal, a queda abrupta e violenta no solo, a suspensão e nova queda e o ato de laçar suas patas podem causar lesões nos sistemas respiratório e circulatório, na coluna vertebral, nos tecidos cutâneos e na musculatura, além da possibilidade de atingir ossos e órgãos internos, causando morte.
Laço e bulldogging
Na prova de laço de bezerro, a corda que atinge o pescoço do animal o faz estancar abruptamente, sendo tracionado para trás, em sentido contrário ao que corria. Ele então é erguido do solo até a altura da cintura do peão, que o atira violentamente ao chão, sendo três de suas patas amarradas juntas.
Já no laço em dupla, segundo apurado pelo MP, um peão laça a cabeça de um garrote enquanto outro laça suas pernas traseiras. Em seguida, os peões o esticam entre si, resultando em sérios danos à coluna vertebral e lesões orgânicas, já que o animal é tracionado em sentidos opostos.
Em outra modalidade, chamada de bulldogging, o peão desmonta de seu cavalo em pleno galope, atirando-se sobre a cabeça do animal em movimento, devendo derrubá-lo ao chão, agarrando-o pelos chifres e torcendo violentamente seu pescoço.
— Ocorrem deslocamentos de vértebras, rupturas musculares e diversas lesões — detalha.
Defesa falha
A recomendação frisa que ao contrário do que alegam os defensores das provas de laço, no sentido de que seriam atividades próprias das fazendas, as laçadas e derrubadas são consideradas ultrapassadas pelas atuais técnicas de produção pecuária justamente por elevarem o risco de morte e lesões irreversíveis, desvantajosas ao pecuarista.
— Se as referidas práticas são condenáveis até mesmo nas fazendas, com muito mais razão não podem ser admitidas como mero entretenimento — finalizam as promotoras Juliana Amaral de Mendonça Vieira e Luciana Imaculada de Paula, que assinam a recomendação do MP.