Informações sobre emenda ainda estão desencontradas

 

Matheus Augusto

Uma verba de R$ 2,2 milhões está há três meses parada. O recurso, destinado ao Complexo de Saúde São João de Deus (CSSJD) através de emenda parlamentar do deputado federal Domingos Sávio (PSDB), já estava disponível no Fundo Municipal de Saúde desde 24 de junho, mas, até o fim da tarde de ontem, não havia chegado aos cofres do hospital, segundo a instituição. A Prefeitura informou, no entanto, que o montante já está liberado para uso do hospital.

O hospital voltou a reafirmar ontem ao Agora que ainda aguarda o dinheiro para dar seguimento aos investimentos no setor de nefrologia e demais dependências do complexo.

Posicionamento

Ao contrário do que afirmou na última segunda-feira, a Prefeitura confirmou que recebeu a nota fiscal do hospital. A instituição explicou que o documento havia sido enviado à diretoria financeira da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) no último dia 13. O CSSJD enviou ao Agora o arquivo comprovando a data de encaminhamento.

Contexto

A história teve início na última sexta-feira, 20, quando agentes da Vigilância Sanitária visitaram o setor de Nefrologia do CSSJD, onde os pacientes recebem o tratamento de hemodiálise. Apesar de realizar vistorias periódicas no hospital, a fiscalização na última semana teve como motivo denúncias sobre pacientes que teriam morrido no setor, supostamente, devido a uma bactéria. Amostras do local foram colhidas na oportunidade, mas o resultado dos testes ainda não foi divulgado.

Apesar das denúncias, o Complexo de Saúde São João de Deus ressaltou que nenhuma morte no setor teve como causa a condição sanitária do local.

— Podemos afirmar, como, aliás, pode ser confirmado pela Vigilância Sanitária, que não foi identificado nenhum fator específico que possa ser associado com qualquer morte que tenha ocorrido recentemente no setor — relatou.

O hospital ainda ressaltou que a causa de todas as mortes do hospital são rigorosamente investigadas.

— Todos os óbitos que ocorrem na Nefrologia são profundamente debatidos pelos profissionais do setor e, sempre que necessário, solicitamos também auxílio de profissionais externos. Portanto não apenas quatro pacientes, mas todos os que eventualmente evoluíram para morte serão intensamente investigados pela Comissão Permanente de Óbitos (CPO), que averigua, obrigatoriamente, todas as mortes da instituição para se levantar qual motivo provocou tal desfecho — explicou.

O hospital ainda revelou que, apesar da alta taxa de mortalidade de pacientes com a doença no país, os números na instituição são positivos.

— Os pacientes portadores de insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise têm alta taxa de mortalidade, podendo chegar a 25 vezes maior que a população normal na mesma faixa etária. As maiores causas de óbitos são doenças cardiovasculares, ou seja, infarto, derrame e as infecções. Podemos afirmar que o índice de mortalidade no setor de nefrologia do Complexo de Saúde São João de Deus está abaixo da média nacional e, inclusive, também da média internacional — informou.

Prefeitura e CSSJD alegam que não há a possibilidade, até o momento, de o setor ser interditado.

Nova vistoria

A Prefeitura informou, no fim da tarde de ontem ao Agora, que o monitoramento do setor continua sendo realizado e uma nova vistoria deve acontecer em breve.

Reunião

A fiscalização do setor de hemodiálise deve ser um dos assuntos tratados durante uma reunião entre a Comissão de Saúde da Câmara e o Complexo de Saúde São João de Deus nesta quarta-feira. O encontro deve servir para que os vereadores esclareçam suas dúvidas e o hospital preste as devidas explicações. Além disso, os edis devem aproveitar a oportunidade para discutir ideias sobre como eles podem auxiliar o hospital, diante da delicada situação financeira.

— A comissão de Saúde estará reunida no São João de Deus, por volta das 14h30 de amanhã (hoje). São várias demandas que chegam até nós. Uma delas é a questão da hemodiálise, que nós estamos acompanhando. Toda segunda, quarta e sexta-feira eu faço questão de ir até lá para ver como está a situação. (...) Vamos conversar, ver o que nós podemos ajudar na área da Saúde. É o único hospital que nós temos que atende pelo SUS, a alta e média complexidade na região Centro-Oeste, e que atende 54 municípios — afirmou Renato.

 

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