Indecências

Ontem, “apenas para variar”, agentes da PF, a mando de mais um desdobramento da operação Lava Jato, faziam operações dentro do Congresso Nacional. Um deputado e um senador, ambos do PP, tiveram os seus “consultórios” revistados e documentos, além de computadores, foram apreendidos. Os contemplados Eduardo da Fonte, de Pernambuco, e Ciro Nogueira, do Piauí — este, vejam só, o presidente da legenda —, foram acusados por um delator de lhe pagarem um mensalinho para que ficasse quieto sobre as maracutaias que andavam fazendo.

Em outra operação, o ex-deputado de Roraima, Márcio Junqueira, foi direto para o xadrez da PF em Brasília. E assim, estes fatos indecentes e tão condenados pela opinião pública, e que já levaram mais de 70 pessoas ao xadrez, continuam acontecendo à luz do dia, com a PF prendendo, Moro condenando e o ministro Fachin dando ordens de buscas no Congresso.

Uma saraivada de desacertos difícil de ser sanada, ou pelo menos de receber um remédio qualquer para uma parada estratégica. Os políticos, aqueles corruptos em sua essência, perderam o medo da prisão como os bandidos que roubam e matam diariamente pessoas inocentes ou não por este país, sem contar os mais de seis estupros por hora, ou uma assustadora marca de 4.400 casos por mês, o que eleva esta quantidade para cerca de 50 mil por ano!

Este país, que, seguindo o caminho de outros países esquerdistas da América do Sul, já é o recordista em assassinatos. Mata-se aqui, bem mais pessoas que a guerra da Síria, e a Justiça de pés e mãos amarrados pode fazer pouco. As polícias, quase nada, e assim o crime campeia solto.

Mas pode existir salvação, sim, desde que uma mudança radical seja feita nas próximas eleições. Em Divinópolis, 12 dos 17 vereadores foram trocados, o que forneceu uma base generosa de troca. Os novos vereadores, em sua maioria, cometem quase que os mesmos erros dos legisladores que os antecederam, mas mostram também alguma independência e alguns que não se renderam aos caprichos do Executivo, com algumas leis sem pé nem cabeça, como esta do nepotismo apresentada pelo já veterano Kaboja (PSD), em nome do prefeito Galileu Machado (MDB).

Segunda-feira, os advogados de Lula entraram com mais recursos lá em Porto Alegre, e já pedindo que eles fossem, em caso de derrota certa, encaminhados ao STJ e ao STF, onde eles esperam, e com alguma razão, obterem sucesso. Na contramão de tudo isto, está a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, que já disse que não pautará o assunto da prisão de segunda instância. “Feito está, feito ficará”, disse com uma frase de raro efeito.

Para corroborar a decisão de Carmem Lúcia, o senador pelo Espírito Santo Ricardo Ferraço, do PSDB, concluiu relatório favorável à aprovação da prisão de qualquer pessoa depois da condenação em segunda instância. O Legislativo, por parte de Ferraço, está mostrando que a ministra está correta e que os próprios atuais beneficiários estão colaborando. O relatório terá o trâmite normal nas casas legislativas, mas foi um sinal de apoio ao principal tribunal do país, que pode julgar sem medo daqueles que os nomearam. No meio de tanta indecência e sujeira, algo de bom pode ser constatado.

 

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