Igrejinha tombada

Raimundo Bechelaine 

Está em andamento o processo de tombamento da antiga Capela de São José, no Distrito de Salgado. O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Carmo do Cajuru (Comphacc) notificou a Diocese de Divinópolis a respeito deste propósito. Para tratar do assunto, quinta-feira, dia 15, o Sr. dom José Carlos, bispo diocesano, recebeu em audiência: o prefeito Edson Vilela e o Sr. Flávio Flora, diretor municipal de Cultura; padre Marcos Rocha, administrador paroquial da Paróquia de Nossa Senhora do Carmo; padre Helton Ferreira Rodrigues, representando o Conselho; e padre José Raimundo, Sr. Jadir Lopes de Araújo e Sra. Avelaine Batista Quadros, representantes do Conselho Pastoral e Administrativo de São José do Salgado. Dom José Carlos acolheu com simpatia  a proposta e vai levá-la aos Conselhos Diocesanos, para um posicionamento final.

Na sua "História de Carmo do Cajuru", escreveu o historiador Prof. Oswaldo Diomar, sobre a Igrejinha de São José: "A primitiva Capela do Distrito é muito antiga. Foi reformada em 1981, conservando-se o seu estilo colonial e sua originalidade. Foi construída no tempo do padre Sebastião da Costa Gontijo (...) inaugurada em 1893". Naquela época, a assistência religiosa ao povoado era dada pelo pároco de São Gonçalo do Pará, o padre citado acima.

Em 2001, o governador de Minas e ex-presidente da República Itamar Franco veio a Cajuru, para inaugurar a ligação asfáltica da cidade com a rodovia MG-050. Em outro veículo da comitiva, vinha o sr. Ângelo Oswaldo, secretário estadual da cultura. Ao passar por ali, o secretário pediu ao motorista que parasse; desceu do carro, contemplou a Igrejinha, a casa do Sr. Jusa e o entorno. Disse então: "Isto aqui merece ser preservado". Falou depois sobre isto ao pároco cajuruense.

Ao lado da Capela, residiu por muitos anos a Sra. Esperança Antonina Quadros. De origem judaica, passando pela Península Ibérica, os Quadros são ali um dos troncos familiares mais tradicionais. Infelizmente, D. Esperança faleceu e foi sepultada em Salgado, dia 19 passado. Era viúva de Nicolau Quadros. Durante alguns anos residiu em Divinópolis, onde possuía uma loja, defronte o Cine Alhambra. Era uma pessoa sensata, atuante, afável, elegante nos gestos e no modo de falar. Essas qualidades a fizeram muito querida e respeitada. Gostava de viajar, o que fazia com frequência. Tinha boa voz e cantava nas cerimônias religiosas. Entre as instituições e atividades comunitárias de que participava, chegou a ser  presidente da "Sociedade Cultural Musical Pe. Evaristo", a escola e banda de música local. 

Não teve filhos. Mas deixa aos conterrâneos salgadenses uma bela memória. Infelizmente, ela não verá a venerável Igrejinha de São José, que ela tanto frequentou e amou, receber a honraria do tombamento e a garantia da preservação. [email protected]

 

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