Hospital Regional ainda é incógnita

Da Redação

O desejo da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) de usar o Hospital Regional para o atendimento, em caso de necessidade de leitos, de pacientes com coronavírus (Covid-19) permanece. No entanto, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) ainda não autorizou a abertura de parte da estrutura para essa finalidade. Mesmo com a negativa, a Prefeitura iniciou ontem a limpeza da ala que pode ser utilizada caso, com a permissão, a unidade entre em funcionamento mais rapidamente. 

O hospital regional ainda não tem previsão para ser concluído, apesar do anúncios de que a Vale será a responsável pelo investimento e entrega das obras. A unidade atenderá, exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), todos os 54 municípios da região Centro-Oeste. 

Ação

A limpeza será feita em uma das alas já concluída do regional, em Divinópolis. Com a construção iniciada em 2010 e interrompida em 2016 pela falta de repasses do governo estadual, uma parte considerável da estrutura foi finalizada e, por isso, pode receber pacientes, em caso de ocupação total dos leitos da rede hospitalar na cidade e do hospital de campanha.

— A proposta do Prefeito Galileu Machado (MDB) é de utilizar a área destinada ao atendimento de emergência, que está concluída. Para isso, seria necessária a instalação de mobiliário e equipamentos — relatou a Prefeitura.

Para o secretário de Saúde, Amarildo Sousa, ao garantir as condições da unidade, caso o Executivo estadual autorize a solicitação, a Prefeitura permite o uso do hospital com mais agilidade.

— Estamos preocupados com a situação e precisamos estar um passo à frente dessa pandemia — destaca.

Amarildo ainda ressaltou que, desde março, o prefeito Galileu Machado (MDB) tenta, sem sucesso, conseguir a liberação para uso do hospital diante do surto de coronavírus. Apesar da negação, novas medidas anunciadas por Romeu Zema (Novo) em outras cidades gera otimismo para a mudança de postura pelo governador.

— Como o Estado agora está adotando esse tipo de parceria com outros Municípios, acreditamos que ele terá o bom senso e a consideração de fazer o mesmo com os cerca de 1,4 milhão de pessoas da nossa região que podem ter o Hospital Regional como referência — explicou o secretário.

Conforme determinado pelo prefeito, a prioridade é garantir a limpeza do espaço para, posteriormente, com a devida autorização, implantar todos os equipamentos necessários.

— Inicialmente, faremos um trabalho de limpeza, a preparação inicial. Essa é uma ação que envolve, inclusive, outras secretarias. Claro, priorizamos o trabalho dentro das regras de distanciamento — informou a Semusa.

Reviravolta

Apesar das rejeições, a Prefeitura iniciou a limpeza da unidade hospitalar, graças às perspectivas de mudança no posicionamento do governador.

— A iniciativa de se utilizar a parte já concluída do Hospital Regional para receber pacientes relacionados à pandemia da Covid-19 é do prefeito Galileu Machado e foi apresentada no início de março, quando surgiram os primeiros casos suspeitos. Porém, o Governo de Minas foi contra e anunciou que preferia contratar leitos na rede hospitalar — informou a Prefeitura.

Uma segunda abordagem foi feita, desta vez com o apoio dos membros da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica (Amvi). Diferente tentativa, mesma resposta.

— A ideia de utilizar o espaço existente ganhou o apoio dos prefeitos da região, através da Amvi, que reforçaram o pedido ao Estado. Mais uma vez, o Governo Zema foi contra a iniciativa do prefeito Galileu Machado. Porém, nos últimos dias, o próprio governador tem visitado ações de parceria parecidas com a que foi proposta por Divinópolis.

Com o afrouxamento da postura do governador, a cidade se vê mais próxima de abrir o hospital regional caso seja necessário.

— É por isso que estamos já fazendo a nossa parte. Estamos lidando com vidas e precisamos estar prontos para uma resposta rápida — finalizou o secretário de Saúde.

Ação

Para abrir o Hospital Regional, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) vai acionar a Justiça. A informação foi confirmada pelo presidente da entidade, Warlon Carlos Elias. Segundo ele, o conselho, com base em projeções técnicas da expectativa do número de casos na cidade, trabalha para abrir o máximo de leitos possíveis no território.

— Devido às dificuldades que estamos e vamos enfrentar, temos um instrumento muito importante sem ser utilizado. (...) Seria irresponsabilidade não usá-lo neste momento — declarou sobre o hospital regional. 

Segundo o presidente do conselho, o CIS-URG, responsável pela administração do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), possui uma equipe qualificada para atuar no local.

— Existem diversos documentos que amparam o CIS-URG abrir e atuar na unidade — explicou.

Uma liminar deve ser protocolada em breve na Justiça. Warlon informou que, pela Prefeitura ser responsável pelo hospital, o procurador do Município não pode apresentar o pedido. Diante disso, ele foi orientado a expedir a solicitação em parceria com um sindicato ou através da contratação de serviços jurídicos, desde que respeitados os trâmites legais de contratação.

Warlon também destacou que a abertura dos mais de 100 leitos no espaço seriam benéficos não apenas para Divinópolis, mas toda a região. Outro ponto positivo citado é o investimento feito, visto que, após o término da pandemia, a estrutura não precisaria ser desmontada. Por fim, o presidente do CMS reforçou a importância do espaço para minimizar o acúmulo de cirurgias eletivas, suspensas por tempo indeterminado.

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