Homem mata mulher com arame farpado

Suspeito foi preso no sábado em Divinópolis; polícia detalhou o caso ontem

 

 

Rafael Camargos 

A Polícia Civil prendeu no último sábado, 10, Alexandre de Sousa, de 36 anos, suspeito de matar a companheira e esconder o corpo em um alojamento desativado da empresa Valor da Logística Integrada (VLI) em Carmo do Cajuru. As investigações começaram após os policiais receberem denúncias anônimas informando sobre o fato. O delegado responsável pelo caso, Weslley Castro, em entrevista coletiva ontem, 14, falou sobre as investigações. Segundo ele, o caso era complexo, por isso, exigiu um pouco mais de tempo para apuração junto à equipe de investigadores.  

— O corpo dela foi encontrado no dia 23 de dezembro de 2016, já em estado avançado de decomposição. O chamado estado qualitativo, ou seja, não dava para saber se era homem ou mulher. Somente no local foi encontrado um arame farpado envolto na região do pescoço, bem como também uma mochila com algumas roupas pessoais e também uma colcha — explicou.  

Corpo encontrado 
As investigações prosseguiram e a equipe conseguiu informações de que no local, onde o corpo foi encontrado, próximo a junta ferroviária em um galpão da empresa VLI, era frequentado por usuários de drogas e andarilhos. Lá, eles vaziam uso dos entorpecentes, bebidas alcoólicas e praticavam o ato sexual. De acordo com Weslley Castro, durante conversa com alguns desses andarilhos, foi concluído que havia um casal na região desaparecido. 

Abordagens 
Depois do trabalho de investigar os andarilhos, a polícia abordou comerciantes da região para saber se eles conheciam o casal ou tinham alguma informação sobre o desaparecimento, e em uma dessas abordagens um comerciante relatou conhecer Alexandre, conhecido como “Coleguinha” ou “Paulista” e a senhora conhecida como “Conceição”. Eles seriam de Juatuba.  

— Verificamos nos sistemas policiais e não havia nenhuma Conceição da cidade de Juatuba, com denúncia de desaparecimento. Ainda assim, um investigador entrou em contato com a equipe de policiais civis da cidade e, por uma coincidência, um dos investigadores conhecia uma moça, que estava com a mãe sumida há mais de dois meses — contou.  

Reconhecimento 

 O delegado continua dizendo que, a mesma jovem relatou que, apesar da mãe estar sumida, se chamava Conceição e nunca tinha ficado tanto tempo sumida.  

— Foi pedido a ela que viesse a Carmo do Cajuru, para que reconhecesse os pertences. Ao chegar à cidade e ver a mochila ali, que havia escrito as iniciais CAA ela começou a chorar, porque seriam de Conceição Aparecida de Assis. As roupas também foram verificadas e identificadas como as da mãe — relatou o delegado. 

Depois de identificar a vítima, a Polícia Civil começou a procurar pelo suspeito do crime. A filha da mulher entregou aos investigadores uma foto, e disse que o homem nela seria seu pai. A foto foi repassada a andarilhos da região, equipes da Polícia Militar (PM) e da segurança.  

— Foi verificado junto a um informante, que naquele fim de semana, este andarilho estaria em Divinópolis, assim, a informação foi repassada a Polícia Militar, quando foi feita a prisão do investigado — disse. 
A polícia ainda explicou que, ele confessou o crime e a prisão preventiva foi deferida. 

Nome Falso  

Por conta da falta de dados sobre o investigado, ele sempre repassou a polícia o nome de Alexandre, porém ao ter o mandado de prisão preventiva expedido, os investigadores descobriram que o nome do suspeito seria Alessandro de Sousa. 
Outro crime 

 O delegado disse que durante conversas informais com o criminoso, ele contou que seria autor de outro homicídio em São Paulo. A vítima seria uma mulher.  

— Ele revelou que espancou uma mulher até a morte. Mas, até então, teremos que ouvi-lo com mais calma para pegar mais detalhes e repassar a Polícia Civil de São Paulo — argumentou.  

Para o delegado, o suspeito tem o perfil de homem cruel e trata a mulher como um objeto.  

— O homicídio foi friamente calculado — falou. 

Falta de dinheiro e prostituição 
Uma semana antes de o suspeito matar a vítima, o casal esteve na cidade de Itaúna. Na cidade, eles ingeriram álcool e drogas, entretanto, o dinheiro acabou e, por isso, a vítima começou a se prostituir. —A dona conceição passou a se prostituir para conseguir drogas. Nisso, ele começou a ficar irritado com a situação. Entretanto, ela passou, além disso, a instigá-lo, dizendo que ele não teria condições sexuais junto a ela, que ele não conseguia satisfazê-la, que ele fedia, não gostava de tomar banho. E dentro dessa raiva, de ódio, desse sentimento de possessão, resolveu matá-la — explicou o delegado.  

Morte e motivação 

Alexandre de Sousa aproveitou que a vítima estava sobre efeito de bebidas alcoólicas e com ela deitada passou um arame farpado em seu pescoço, por baixo de sua cabeça. De acordo com o delegado, ele ainda pisou na cabeça de Conceição e puxou o arame. Weslley acredita que a prostituição e a troca por sexo não seria a única motivação do crime.  

— A maioria dos andarilhos, dependentes químicos, por não ter uma renda fixa e, principalmente, as mulheres trocam drogas por sexo. Então não seria uma motivação em si, mas com o tempo vamos tentar descobrir outros motivos — finalizou. 

 

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