Greve dos auditores fiscais afeta Divinópolis

Informação foi confirmada pelo sindicato da categoria; corte de recursos é o principal motivo da paralisação nacional

Bruno Bueno

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal (RF), iniciada na manhã de ontem em todo o país, já atinge Divinópolis. Segundo informações do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), por meio da Diretoria da Delegacia Sindical do município, nenhum trabalhador da área está atendendo na cidade.

De acordo com o Sindicato, a greve deve permanecer por tempo indeterminado. A paralisação foi definida em assembleia realizada na semana passada. 

 

Motivos

Em nota divulgada à reportagem, o Sindifisco Divinópolis explicou os motivos da paralisação. Segundo a instituição, o governo de Jair Bolsonaro (PL) comete diversas negligências com a categoria.

— O motivo é o descaso do governo em relação a um acordo para a regulamentação de um Bônus de Eficiência, vinculado à produtividade do órgão em cima do trabalho dos auditores fiscais. O governo vem retardando essa regulamentação desde o primeiro trimestre de 2017 (...) — informou.

 

Ainda segundo a entidade, um grande corte de verbas destinadas para a Receita Federal favoreceu a paralisação.

— A paciência da classe se esgotou quando o governo anunciou um corte de mais de 50% dos recursos destinados à Receita Federal, para fazer frente aos custos com tecnologia e informática, gastos com deslocamentos dos auditores e outros servidores da Receita. A justificativa do governo para corte dos recursos foi o reajuste aos servidores da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal — enfatizou.

 

Adesão

Em todo o país, a adesão ao movimento foi apoiada por 97% dos participantes, aproximadamente 4,3 mil trabalhadores, que participaram de uma assembleia realizada pelo Sindifisco nacional. Especialistas afirmam que a paralisação pode ser revertida caso o presidente assine um decreto para autorizar o retorno das receitas para o setor.

Desde o anúncio dos cortes, aproximadamente 625 pedidos voluntários de exoneração de cargos na RF foram protocolados. Entre eles, estão os dos 44 conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que apresentaram renúncia coletiva. Os demais funcionários da RF manifestaram apoio aos que pediram demissão.

A greve atinge as operações que são padrão nos portos, aeroportos e transportes aduaneiros em todo o Brasil, com exceção de alguns tipos de cargas, como medicamentos e insumos da saúde. A paralisação não pretende afetar o trânsito de quem está em viagem internacional.

 

Bolsonaro

Em sua live semanal realizada na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que considera destinar parte de outros recursos para viabilizar o orçamento da Receita Federal.

— Se formos dar reajuste linear, vamos dar 0,6% de reajuste para todos nesses R$ 2 bilhões. A gente não quer cometer injustiças, nem para mais e nem para menos — disse.

 

Ele ainda afirmou que a decisão de não conceder o “bônus de eficiência” a servidores da Receita Federal partiu do ministro da Economia, Paulo Guedes.

— Isso aí eu vou conversar com o Paulo Guedes de novo. Eles queriam a regulamentação de um bônus de produtividade. Não custava nada. Custava R$ 200 e poucos milhões. E a Economia que resolveu não ceder — relatou.

 

Por fim, Bolsonaro voltou a ressaltar que é a favor do reajuste.

— Da minha parte eu teria cedido, porque não é reestruturação, não é nada. É o cumprimento de um requisito legal. Não precisa ser tão rígido desta maneira. Aqui não é uma empresa. A gente não quer estourar teto, não quer fazer nenhuma estripulia, mas não custava nada atender — completou.

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