Gravidez precoce é desafio em Divinópolis

Ricardo Welbert 

De janeiro de 2007 a maio de 2017, Divinópolis contabilizou 75 partos frutos de gravidez precoce. Em 80% dos casos, as mães tinham 14 anos de idade. Em 14%, tinham 13 anos. Nos outros 6%, só 12 anos. O dado faz parte de um levantamento feito pela Secretaria de Saúde.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a gravidez precoce envolve muito mais do que problemas físicos. Há também as consequências emocionais e sociais, entre outras.

— Uma garota de 14 anos, por exemplo, quase nunca está mentalmente preparada para cuidar de um bebê. Mas o organismo dela já está preparado para prosseguir com a gestação, já que a partir do momento da menstruação a maturidade sexual já está estabelecida — explica a ginecologista Samantha Coimbra, autora de um estudo sobre o assunto.

A média de sete partos precoces por ano preocupa algumas autoridades locais. O vereador Edson Sousa (MDB) foi quem pediu o levantamento dos números sobre a gravidez precoce em Divinópolis.

— São dados alarmantes. Coisas que mexem com toda uma estrutura familiar. Pretendo encaminhar um ofício à Secretaria Municipal de Promoção Humana cobrando a execução de políticas públicas preventivas para reduzir essas estatísticas que não condizem com o que queremos para a sociedade — diz Edson.

O promotor da Vara da Infância e Juventude, Carlos José Fortes, lembra que praticar sexo ou qualquer outro ato libidinoso com menor de 14 anos é crime de estupro de vulnerável – mesmo em casos em que tenha havido consentimento por parte da vítima. A pena prevista é de oito a 15 anos de prisão.

— Muitas dessas gravidezes são originárias de estupro. São crimes de pedofilia e devem ser comunicadas à Justiça — ressalta.

O Agora perguntou à Secretaria de Saúde quais são as ações desenvolvidas nos postos de saúde e escolas com o objetivo de conscientizar crianças e adolescentes sobre os riscos da gravidez precoce. Segundo o órgão, o Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Departamento de Informática do Sistema único de Saúde (SUS) confirma 28.960 partos de 2007 a 2017. Destes, 3.003 foram gestantes de 10 a 19 anos, ou seja representa 10,36% dos partos. A meta anual pactuada é 12% e a OMS considera a faixa etária de adolescente de 10 a 19 anos.

O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adolescente (Remsa) promove orientações para saúde dos adolescentes nos Centros de Saúde do Niterói e São José. Nestas unidades, são oferecidos atendimentos multiprofissional como odontologia, serviço social, psicologia, fisioterapia trabalham as orientações e enfermagem. Caso a adolescente tenha outros critérios de estratificação para riscos, ela é encaminhada para o pré-natal de alto risco.

Políticas públicas 

Especialistas afirmam que, quando a escola promove explicações e ações de formação sobre educação sexual, reduz a probabilidade de gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis.

— Quando a gravidez é diagnosticada, é importante que a criança ou adolescente comece o pré-natal e receba apoio da família e de outros integrantes do núcleo social dela. Acompanhamento psicológico e obstetra também é recomendado — finaliza Samantha.

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