Governo busca diálogo para recuperar sobrado

Ricardo Welbert 

A restauração do casarão construído em 1830 e que abrigou o Museu Histórico de Divinópolis entre 1986 e 2017, quando foi interditado pela Defesa Civil por risco de desabar, será tema de uma reunião pública marcada para amanhã, às 18h, na Câmara.

Promovido pela Secretaria Municipal de Cultura em parceria com o Centro de Memória da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), o evento tem o objetivo de discutir alternativas para a obra.

De acordo com o secretário de Cultura, Osvaldo André de Mello, a definição de uma estratégia é importante para a captação de recursos via leis de incentivo.

— As limitações orçamentárias não permitem uma solução financiada somente com recursos públicos, demandando o envolvimento de toda a comunidade — diz.

Uma possibilidade já citada pelo secretário é a de parceria com a iniciativa privada. Segundo Osvaldo, já houve conversas com empresas interessadas em participar.

Interdição 

A decisão de interditar o edifício foi tomada após engenheiros e técnicos do Iepha constatarem problemas estruturais. Parte da madeira de sustentação da área detrás do prédio está comprometida e a parede apresenta trincas e ondulações. Problemas que começaram a surgir em 2014.

A Secretaria de Obras instalou escoras para tentar garantir a integridade do imóvel. À época, o governo de Galileu Machado (MDB) alegou que o prédio já estava em péssimo estado de conservação quando o recebeu do prefeito anterior, Vladimir Azevedo (PSDB).

Em entrevista ao “MGTV” da TV Integração na quarta-feira, 4, o historiador Welber Skaull Tonhá Silva, que dirigiu o museu na administração anterior, contestou.

— Nós tínhamos a fiscalização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, que era ativo. Tínhamos a fiscalização do Conselho de Cultura, que era ativo. Os conselhos servem justamente para fiscalizar o gestor público. Hoje, com a ausência deles, o museu está abandonado. Alegar que o abandono e o deterioramento são culpa da gestão passada, que entregou o museu há 19 meses, é desviar o foco — diz.

Ontem, o Agora perguntou à Prefeitura sobre a atuação dos conselhos. Porém, não houve retorno até as 18h.

Prazo 

Após a interdição, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) determinou prazo de dois anos para início da restauração, contando a partir de 2018.

O acervo do museu passou por um processo de salvaguarda — proteção concedida por autoridade ou instituição. Ficou em uma sala no Centro Administrativo. O acesso do público a ele foi temporariamente suspenso para a elaboração de um inventário, que já foi concluído. Todas as peças já podem ser vistas na avenida Sete de Setembro, 1.148, no Centro, das 12h às 17h30.

História 

O casarão foi residência familiar quando Divinópolis ainda era o Arraial do Divino Espírito Santo. Tempos depois, abrigou a primeira sala de cinema da cidade e foi posto de saúde, sede da cúria paroquial e do colégio seráfico. Abrigou ainda o convento dos frades franciscanos e a escola normal.

Em 1982, um movimento em defesa da preservação da construção recebeu apoio na Câmara. O prédio foi tombado e restaurado em 1988.

 

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