Geraldo Couto ignora CPI da UPA

Pollyanna Martins

O ex-interventor da Santa Casa de Formiga, Geraldo Couto, não prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no contrato de gestão da Unidade de Pronto Atendimento Padre Roberto (UPA 24h). A assessora da comissão, vereadora Janete Aparecida (PSD), informou que o médico já foi convocado pela comissão para prestar depoimento, porém não compareceu nem não justificou a ausência.

— Ele foi um dos que foram convocados e não compareceram, então nós vamos tomar medidas legais para que isso possa ser feito — informa.

De acordo com Janete, seis pessoas ligadas à Santa Casa de Formiga foram ouvidas pela Comissão no dia 27 de abril. A vereadora conta que ao todo foram convocadas nove pessoas, porém uma não compareceu por motivo de saúde e um ex-interventor da instituição, que agora é vereador na cidade, alegou que, se a CPI quiser ouvir, deveria ir até Formiga. Sem dar mais detalhes, a parlamentar disse que apenas um dos convocados não compareceu e não justificou a ausência. Segundo Janete, dois funcionários da Santa Casa ainda serão ouvidos pela comissão.

— Precisamos ouvir principalmente a pessoa que é ligada à parte de pagamentos e controle das contas. E ainda falta ouvir o atual interventor e os dois convocados que não vieram — conta.

Janete informa também que, até o momento, já prestaram depoimento à CPI: pessoas da parte administrativa da Prefeitura de Divinópolis, envolvidos no contrato de gestão da unidade, funcionários da Ouvidoria, pessoas que participaram de processos seletivos, além de representantes de empresas ligadas a serviços terceirizados da UPA.

— Agora a gente vai passar para o corpo clínico. Precisamos ouvir médicos, enfermeiros e pessoas ligadas diretamente à unidade — adianta.

De acordo com a vereadora, a CPI já constatou diversas irregularidades, com base nos depoimentos, e estas ilegalidades serão apontadas no relatório final. Ainda segundo Janete, o ex-coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde (CAO-Saúde), promotor de Justiça Gilmar de Assis, será convidado para prestar depoimento à comissão.

—Vamos marcar a vinda dele, uma vez que é um convite e não uma convocação — explica.

Denúncias

Conforme afirmou a vereadora, as denúncias de desvios de R$ 2,5 milhões da UPA, apresentadas pelo presidente do Conselho Municipal de Saúde, Warlon Carlos Elias, na reunião ordinária de quinta-feira, 3, são totalmente fundadas. De acordo com Janete, ela já havia recebido esta denúncia, e foram estes possíveis desvios que a levaram a solicitar à instauração da CPI para investigar as irregularidades do contrato de gestão da unidade.

— Já tínhamos recebido as denúncias dessas irregularidades e outras mais, e todas já estão sendo apuradas — afirma.

Janete adiantou também que a comissão está vistoriando os documentos que já recolheu e o contrato de gestão da UPA. Segundo a vereadora, além das irregularidades contratuais, a CPI constatou ainda maus-tratos a pacientes dentro da unidade.

— Os maus-tratos não foram encontrados no atendimento, mas no fato de deixar de tratar o paciente nas condições que ele deveria ser tratado. Inclusive, constatamos que aconteceram mortes dentro da unidade, exatamente por falta de atendimento, pelo paciente não ter sido levado para um hospital que tivesse melhor condição — conclui.

O Agora tentou contato com Geraldo Couto, mas não obteve sucesso.

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